Jeca Tatu

02 maio 2012 . 10:41

Jeca tatu é o clown do povo paulista. Sua história mostra as relações que se estabeleceram na zona rural paulista, entre imigrantes, donos de terras e o caipira.

FONTE: Carolina Maria Ruy

jeca-1

Jeca Tatu
Brasil, 1959
Milton Amaral

Com Amácio Mazzaropi, Roberto Duval, Agnaldo Rayol, Cely Campello

De origem tupi, caipira designa, desde os tempos coloniais, o morador da roça, os mestiços de branco e índia, que no século XVIII eram recenseados como “bastardos”, os racialmente impuros da mestiçagem indígena com o português. No filme Jeca Tatu é um bicho do mato, um caipira preguiçoso e simplório que vive na zona rural do interior de São Paulo.

Ignorante e ingênuo, Jeca, na interpretação singular de Mazzaropi, salda dívidas na mercearia dos “italianos” com pedaços de sua terra.
Assim, como em geral acontece com o povo pobre do meio rural, Jeca é forçado a deixar sua terra, com sua família e seguir, de carroça, em busca de sobrevivência. Eles se destinam a São Paulo que, naquela época, já tinha os contornos de uma cidade grande.

Beneficiada pela economia do café, São Paulo vivera intenso processo de urbanização em pouco tempo, elevando-se ao posto de maior centro urbano brasileiro, já naquela época.

Dá-se, aí, o confronto da cultura caipira com a urbanização brasileira.
O filme mostra os males do atraso na zona rural brasileira da década de 1950. Relações de colonato e coronelismo. Mas insinua que na cidade as pessoas “urbanizadas” se aproveitavam do atraso e da desigualdade que permeava todas as relações.

O personagem de Monteiro Lobato incomodou a elite intelectual de sua época, acostumada a uma visão romântica do homem do campo. Jeca Tatu representa o trabalhador rural paulista abandonado pelos poderes públicos às doenças, ao atraso e à indigência. Entretanto o personagem “evoluiu”, na obra de Lobato, conforme a evolução das campanhas sanitaristas da época. Ele surgiu como um parasita inadaptável ao meio urbano, e com o tempo se transformou em um novo símbolo de brasilidade. Um símbolo assimilado e reinventado por Mazzaropi.

Diz-se que Monteiro Lobato estigmatizaou, o caipira tomando o caipira caboclo, como paradigma. Mas o Jeca de Amácio Mazzaropi tinha influência do caipira branco, com ascendência italiana.

Como Adoniram Barbosa, Mazzaropi é um dos pilares da cultura paulista. Da cultura de um povo do interior, autônomo, isolado no alto da serra e sacrificado pelo progresso avassalador da metrópole. Mazzaropi extrai humor de situações tristes. Ele brinca com o realismo, sem se aprofundar no drama. Oferecendo, pelo contrário, uma visão singela, imediata e material dos fatos. Mazzaropi soube ser simples com maestria.

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