Depoimento de Melquíades Araújo

14 mar 2016 . 15:43

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Melquíades Araújo é Presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação no Estado de São Paulo – Fetiasp, e 1º vice-presidente da Força Sindical. Participou da fundação da Força Sindical em 1991.

Leia aqui a entrevista em inglês

Artigo publicado no site da Força Sindical em 22 de março de 2011.
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Organização Sindical – Antecedentes

Desde o início da “Era Vargas” (1) a organização da classe trabalhadora, em nível nacional, nos foi negada. Nos tempos de chumbo da ditadura militar (1964/1985) a reunião de Sindicatos e Federações de categorias diversas chegou a ser considerada prática subversiva (2).
Todavia, bastou atinar para a distensão do sistema, embora “lenta, gradual e segura” (3), como foi anunciada, para se reativar a ideia de organização em central.
De fato, a partir da Conclat, no ano de 1981, o projeto passou do ideal para a construção. Não foi possível a criação de uma central única diante do divisionismo puramente político. E foi assim que surgiram primeiro a CUT, em agosto de 1983, depois a CGT, que o racha, ainda político, levou à divisão em uma CGT Confederação e outra central.

A necessidade da Força Sindical

Mas grande parte dos Sindicatos e Federações, que defendiam uma atuação voltada para necessidades concretas dos trabalhadores e pela defesa intransigente de seus direitos e interesses, tanto individuais como coletivos, não aceitava nenhuma das centrais existentes. Assim, pouco a pouco, partindo dos trabalhadores da base para a cúpula dos Sindicatos, e daí para as Federações e Confederações, foi crescendo a ideia de se construir uma central que priorizasse propostas mais trabalhistas e menos político-partidárias.
Esta central nasceu no dia 8 de março de 1991, já marcada pela democracia, pela autenticidade e pela atuação efetiva e transparente: a Força Sindical.
Sua fundação abriu outro espaço, e um novo caminho. O primeiro e o segundo presidentes, Luiz Antonio de Medeiros e “Paulinho” Pereira da Silva, procedem da categoria dos Metalúrgicos. Mas conquistaram representatividade em todos os setores dos ramos profissionais, na indústria, no comércio, transporte, serviços, meio rural, comunicações, educação, esporte, lazer etc.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins do Estado de São Paulo está representada na direção da Força Sindical desde o surgimento da central. E muito nos orgulha ocupar uma de suas vice-Presidências.
Valioso ter presente que, em 2002, conforme levantamento do IBGE, a Força Sindical contava com 839 entidades filiadas, e hoje com 13,7% do total organizado em centrais, o que atende plenamente a exigência do Art. 2º, Parágrafo único da Lei nº 11.648, de 2008, para ser mantida como central.

Principais bandeiras

A Força Sindical se destaca no plano sócio-politico e econômico do Brasil pela seriedade de suas causas.
Dentre as mais importantes bandeiras por ela defendidas estão:

A luta pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem redução dos salários.
A luta pela valorização do salário mínimo, tal como enuncia o Inciso IV do Artigo 7º da Constituição, até que ele atenda os fins para os quais foi criado, garantindo trabalho, moradia digna, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
A luta pelo trabalho decente e pela defesa dos direitos trabalhistas duramente conquistados, afastando a flexibilização e a terceirização da mão de obra.
A manutenção do custeio da organização sindical mediante contribuições da categoria considerada como um todo, como forma de retribuição pela representação ampla, de associados ou não-associados, nas negociações coletivas e abrangência de todos nos acordos e Convenções Coletivas, através da contribuição negocial legitimada pelo artigo 7º da mesma Lei nº 11.648, de 2008.

Por tudo, no vigésimo aniversário da central, saudamos a valorosa Força Sindical, e seus filiados, desejando-lhe vida longa.

Notas da redação

(1) Entre 1930 e 1945, quando Getúlio Vargas (PTB) governou o Brasil. Foi uma época de profundas transformações no País, que passou a ser mais urbano e industrializado. Getúlio voltou a ser presidente em 31 de janeiro de 1951, e o foi até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou.
(2) Quando a ditadura se instituiu, em abril de 1964, logo foi criado um sistema de repressão contra qualquer associação civil contrária ao regime. As greves de trabalhadores e estudantes passaram a ser consideradas crime. Os Sindicatos sofreram intervenção federal e os líderes sindicais que se mostrassem contrários ao sistema eram taxados de subversivos de acordo com a Lei de Segurança Nacional.

(3) Expressão cunhada pelo general ditador presidente Ernesto Geisel, cujo governo já sofria grande pressão social pela redemocratização do Brasil.
Geisel, que foi presidente entre 1974 e 1979, sinalizava que a entrega do poder aos civis não seria feita de forma precipitada. Após seu governo, a ditadura ainda duraria seis anos.

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