Fortalecer a comunicação é fundamental para a luta sindical

18 out 2012 . 16:03


Altamiro Borges, Sérgio Gomes, Cristiane, Raimundo Rodrigues Pereira, João Franzim e João Carlos Juruna.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.As entidades sindicais devem fortalecer e aprimorar seus veículos de imprensa – jornais impressos, TVs, rádios, sites e redes sociais – para melhor se comunicarem com os trabalhadores, nas bases. Esta foi a tônica dos debatedores hoje (dia 18), no Ciclo de Debates realizado no auditório da Força Sindical, ao discutir o tema “Sindicalismo e Movimentos Sociais na Imprensa, Comunicação Sindical e Novas Mídias”.

O tema foi discutido por  Altamiro Borges, jornalista do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé; João Franzin, jornalista coordenador da Agência Sindical; Sérgio Gomes, diretor da Oboré, e Raimundo Pereira, diretor editorial da revista Retrato do Brasil. A mediação foi da jornalista Cristiane Alves, assessora de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região.

Borges falou sobre o papel da grande imprensa que foi historicamente adotando posições políticas em defesa do lado patronal. “É uma imprensa de classe, não podemos ter ilusão com ela”, declarou, ao destacar as críticas feitas pela mídia da época contra o ex-presidente Getúlio Vargas, que instituiu a jornada de oito horas de trabalho e garantiu os direitos básicos dos trabalhares, como férias e 13º salário.

Para se defender das críticas, “o ex-presidente Vargas criou o jornal popular Última Hora, que era editado em vários Estados. Mas tudo isso acabou para que se instalasse o complexo midiático. Hoje, no Brasil, sete famílias – Marinho, Macedo, Abravanel, Saad, Frias, Mesquita e Civita – comandam a comunicação. Fazem um trabalho bem feito e manipulam a informação omitindo ou realçando o fato. Por exemplo, escondem a luta dos trabalhadores e quando interessa realçam de forma negativa. No caso de passeatas, mostram o congestionamento do trânsito, afetam nossos valores e mexem com o nosso comportamento estimulando o consumismo e o individualismo exacerbados”, observou Borges.

O jornalista do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé disse não ter uma receita sobre o que fazer para se contrapor a este cenário, mas apontou dois caminhos: reforçar a mídia sindical e batalhar por legislação que democratize a comunicação. Outra alternativa é os sindicalistas  comprarem assinaturas de jornais e revistas aliadas do movimento sindical, como a Retrato do Brasil.

 “A comunicação”, declarou, “ deve ser encarada pelo movimento sindical como um investimento na luta de idéias. É preciso investir mais para fortalecer a imprensa alternativa”. Borges afirmou ainda que é preciso lutar pela democratização da imprensa no Brasil e defendeu a lei dos meios da Argentina, que acaba com o monopólio midiático do Clarin.

Melhorar a imprensa sindical
O jornalista João Franzin declarou que se fosse cumprido no Brasil, o artigo 221, da Constituição Federal,  o setor de comunicação já estaria muito bom. Este artigo diz o seguinte:
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

Franzin defendeu o diploma de jornalistas e que é preciso melhorar a qualidade dos veículos de imprensa das entidades sindicais. “Agora as rádios e TVs comunitárias podem exibir propagandas e as centrais, federações e sindicatos devem veicular publicidade nestes veículos e em jornais e revistas, como Retrato do Brasil”. Ele propôs também criar uma rede de jornalistas das entidades sindicais para irradiar as notícias.

USP

Sérgio Gomes, da Oboré, informou que finalmente foi fechado um convênio com a Universidade de São Paulo para aproximar a imprensa sindical e a universidade. “Temos que nos reencontrar para aprimorar a qualidade dos veículos de comunicação dos sindicatos. Há possibilidades, depende da gente”.

Gomes destacou que ” hoje temos uma condição muito melhor que antes, com conforto. Todos tomaram café, já sabem com quem almoçar, mas o mínimo que se pode fazer como  jornalista é olhar para as pessoas que não conseguiram essa condição social.Só recupera salários (que hoje ainda têm participação reduzida na renda nacional) se tivermos sindicatos fortes e, para isso, precisamos de uma imprensa forte”.

Luta difícil dos trabalhadores

O jornalista Raimundo Pereira, da Retrato do Brasil, disse que a luta dos trabalhadores é muito difícil, mas a saída é se esforçar para desenvolver uma imprensa popular, que publique informações com alta qualidade. Só assim poderá atrair o interesse dos trabalhadores e se constituir como uma força legítima no País.

Debate

Após a explanação dos palestrantes foi aberto um espaço para perguntas e até mesmo comentários dos dirigentes sindicais e profissionais de imprensa que estavam presentes no evento. Um dos comentários mais fortes foi a necessidade de investimento na Comunicação Sindical nas entidades de classe trabalhadora para fortalecer cada vez mais o acesso à informação pelos trabalhadores.

“A comunicação sindical será fortalecida a partir do momento que juntarmos a experiência dos profissionais mais velhos com amplo conhecimento do movimento sindical, com os jovens que estão entrando no mercado de trabalho”, afirmo Altamiro Borges que disse ainda que hoje existem dois grandes desafios: qual a melhor forma de utilizar as ferramentas atuais de comunicação e aperfeiçoar a linguagem de comunicação dentro do movimento sindical. É preciso uma conscientização para investir em comunicação”.

Outro ponto debatido foi a necessidade de mais e melhores formas de comunicação que foi defendido pelo jornalista Joao Franzin. “Para termos mais qualidade na comunicação sindical é preciso dar as tarefas, mas dar os meios para realizá-las”, fazendo referencia a dar condições para os departamentos de imprensa das entidade sindicais realizarem o melhor trabalho.

Sergio Gomes, lembrou que a classe trabalhadora merece o melhor e o movimento sindical deve se preocupar em qualificar os profissionais de imprensa das entidades sindicais. Raimundo Pereira, enfatizou que para fazer comunicação para o trabalhador é preciso ouvir os trabalhadores para elaborar o conteúdo.

João Franzim. Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.Cristiane, da imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.Raimundo Rodrigues Pereira.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.Sérgio Gomes.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

Altamiro Borges. Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.Altamiro Borges, Sérgio Gomes, Cristiane, Raimundo Rodrigues Pereira, João Franzim e João Carlos Juruna.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

Suzanna Sochaczewski, atrás, João Carlos Juruna e Carolina Maria Ruy.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.Milton Cavalo, presidente do Centro de Memória Sindical, o segundo da esquerda para direita, e Robson Gazola, da Agencia Sindical, em primeiro plano.Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

Fotos: Léo Gois, Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

Fonte: http://www.fsindical.org.br/

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