Nota de falecimento

05 ago 2013 . 13:43

notafalecimentoJorge Rugardo Bercht (1922-2013) – músico, arquiteto, professor

O arquiteto, músico, fotógrafo, professor Jorge Rugardo Bercht despediu-se da vida na manhã de 5 de agosto de 2013. Foi um exímio tocador de gaita, premiado desde a juventude, na longínqua década de 1940. Filho da colônia alemã do Rio Grande do Sul, nasceu em 1º de agosto de 1922. Com a música, conquistou a admiração de amigos e familiares; foi sempre, em todas as atividades que exerceu, um mestre exigente e compreensivo, marcado pelo grande didatismo de sua expressão.

Foi um fotógrafo exímio, autor de áudio visuais inovadores pela combinação pouco usual entre a projeção (nos velhos projetores de slides) e a música que dava o ritmo da fusão das imagens no espetáculo. Deixou obras de rara expressão estética que são parte do patrimônio cultural paulistano e relatam sobretudo, em mais de 20 mil fotos produzidas desde a década de 1950, a evolução familiar – seu objeto preferencial foram as imagens dos 10 filhos que teve com a esposa, Lívia Maria Bercht e, depois, dos treze netos.

Como arquiteto, foi exigente e inovador, voltado para soluções estéticas e práticas. Seu escritório fez os cálculos para obras de Oscar Niemeyer em São Paulo, como o prédio onde funcionou, no Ibirapuera, o Detran (agora sede do Museu de Arte Moderna). Fez os cálculos para o Estádio do Morumbi e contava, com orgulho, a solução que encontrou para as colunas de sustentação que, na formulação original do arquiteto Vilanovas Artigas (seu antigo professor na Politécnica de São Paulo), forçariam os frequentadores a baixarem as cabeças ao entrar, para não batê-las no teto do estádio, que ficaria rebaixado.

Em todas estas funções foi, sobretudo, um professor. Exerceu a atividade docente na Faculdade de Belas Artes (em São Paulo), onde deixou muitos amigos principalmente entre os alunos. Era exigente quanto ao desenho, que devia ser feito na prancheta, â mão. Não que desprezasse o uso do computador, mas defendia que o profissional devia dominar a técnica do desenho antes de realizar seus projetos usando a informática.
Foi um homem de seu tempo. Às vezes, em conversas informais com filhos e amigos – sobretudo jovens, dos quais vivia cercado e cuja companhia valorizava muito -, a atitude professoral era constante. Sem pedantismo, ouvia opiniões, com exigência de precisão e consistência.

Fortemente religioso, embora sem beatismos, um de seus últimos pedidos foi surpreendente: quis um exemplar do Das Capital – isto mesmo, O Capital, de Karl Marx, em alemão – para satisfazer uma curiosidade intelectual inesgotável.

Em sua última década de vida residiu em Cerquilho (SP), onde exerceu grande atividade cultural e trabalhou para construiu o Jardim das Artes. Deixa esposa, nove filhos, 13 netos e um bisneto.

 

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