O Porto de Santos

19 fev 2013 . 17:37

Desde 1892, até hoje o cotidiano do porto, que já movimentou mais de um bilhão de toneladas de cargas diversas, baseia-se no açúcar, no café, na laranja, no algodão, no adubo, no carvão, no câmbio, nos braços e no suor dos trabalhadores. O porto é parte da nossa história e patrimônio do povo brasileiro!

Portuários iniciam processo de mobilização

Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, os portuários já iniciaram o processo de mobilização nacional para exigir do governo federal mudanças na Medida Provisória 595, em tramitação no Congresso Nacional, segundo a qual os portos privados poderão “quebrar” os públicos. Com esta medida os trabalhadores do sistema privado serão prejudicados, pois não terão os mesmos direitos dos empregados nos portos públicos. Iniciado o processo de mobilização e organização das bases o próximo passo, segundo Paulinho, é definir um calendário de manifestações da categoria. 
No rol destas manifestações o site G1 noticiou, na terça feira, 19/02, que os trabalhadores do Porto de Santos que ocuparam o navio ‘Zhen Hua 10’, na madrugada do dia 18, permaneciam na embarcação há mais de 24 horas sem comida. As informações foram dadas pelos os sindicatos que representam as categorias dos portuários envolvidos no impasse.

Os trabalhadores protestam contra o uso exclusivo da mão de obra chinesa, que veio a bordo da embarcação, na remoção dos equipamentos, o que segundo eles contraria o acordo entre os trabalhadores e o porto.

Ainda segundo notícia do G1 Embraport, empresa que importou os equipamentos da China, esclarece que os 100 trabalhadores chineses, que vieram junto com o navio, são técnicos autorizados da empresa fabricante dos equipamentos. Eles vão trabalhar apenas na montagem desses equipamentos, que são guindastes específicos para a movimentação dos contêineres. Mas os sindicalistas contestam esta situação e os portuários dizem que só sairão da embarcação se a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), responsável pelo navio, fizer um acordo. A diretoria dos Servidores Portuários, sindicalistas e representantes da Embraport se reunirão para discutir sobre a situação.

Um pouco de história

Este impasse que tomou conta do noticiário nacional tem como centro nevrálgico uma instituição que é um dos pilares da história econômica do Brasil: o Porto de Santos.

Localizado no litoral de São Paulo, na cidade de Santos, trata-se do principal porto brasileiro, cuja área de influência econômica concentra mais de 50% do produto interno bruto do país e abrange principalmente os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Complexo Portuário de Santos responde por mais de um quarto da movimentação da balança comercial brasileira e inclui na pauta de suas principais cargas produtos como o açúcar, soja, cargas em contêineres, café, milho, trigo, sal, polpa cítrica, suco de laranja, papel, automóveis, álcool e outros granéis líquidos.

Inaugurado em dois de fevereiro de 1892 o Porto de Santos chega aos seus 123 anos de idade com este impasse.

Sua criação ocorreu quando a então Companhia Docas de Santos
 (CDS), cedeu à navegação mundial os primeiros 260 metros de cais. A cultura do café estendia-se por todo o Planalto Paulista e pressionava as autoridades para a necessidade de ampliação e modernização das instalações portuárias. Afinal, o café poderia ser exportado em maior escala e rapidez.

A existência da São Paulo Railway, construída em 1867, ligando por via ferroviária, a Baixada Santista ao Planalto foi outro fator que reforçou a necessidade da criação do porto. Criada através da Serra do Mar a ferrovia resolvia o entrave que a Serra representava ao progresso do Estado de São Paulo.

Depois de inaugurado o porto de Santos não parou de crescer, atravessando todos os ciclos econômicos do país.

Com a construção da Rodovia Anchieta, em 1947, ligando a Baixada Santista, à região do ABC paulista (Santo André, São Bernardo e São Caetano) e à capital paulista a circulação comercial ficou completa. A Anchieta foi crucial para o desenvolvimentismo da década de 1950. Isso porque, com a instalação das grandes indústrias automobilísticas na região do ABC a moderna Rodovia promoveu uma agilidade na dinâmica da economia nacional.

Atualmente o Porto de Santos ocupa a 39ª posição no ranking mundial de movimentação de contêineres, sendo o mais movimentado da América Latina.

Pode-se dizer que a existência dos distritos industriais da Grande São Paulo e o complexo industrial de Cubatão se devem ao Porto de Santos.

Desde 1892, até hoje o cotidiano do porto, que já movimentou mais de um bilhão de toneladas de cargas diversas, baseia-se no açúcar, no café, na laranja, no algodão, no adubo, no carvão, no câmbio, nos braços e no suor dos trabalhadores. O porto é parte da nossa história e patrimônio do povo brasileiro!