O Primeiro de Maio está intimamente ligado à luta pelo limite de oito horas de trabalho diário

28 abr 2020 . 17:40

“O Primeiro de Maio está intimamente ligado à luta pelo limite de oito horas de trabalho diário. Na antiguidade clássica, a base da produção era escravista. Os conhecimentos filosóficos, artísticos e científicos da civilização grega ou as conquistas romanas tinham, como suporte, o esforço e o sacrifício de uma massa de indivíduos transformados em máquinas. A propósito, o filósofo grego Platão dizia que há três tipos de ferramentas: as mudas, como o martelo, as que mugem, como os bois e as que falam – os escravos. É evidente que em tal regime os cativos eram obrigados a labutar até o completo depauperamento. Com a desagregação do Império romano no século V da nossa era, terminou o escravismo de massa.

Na Idade Média europeia, o grosso do trabalho realiza-se no campo e é condicionado pela luz solar e pelas estações. Durante a primavera e o verão, chegam a lavrar a terra até dezessete horas em uma só jornada; mas no inverno, quando os dias são mais curtos, dificilmente podem estender-se a um número maior que sete horas. Isto é válido também para as fadigas dos artesãos nas cidades, ou seja, a existência era regulada pelo máximo de trabalho possível durante seis dias da semana, e o domingo é dedicado a práticas devotas àquele mínimo de descanso necessário, a fim de, monotonamente, poderem recomeçar, depois, a rotina de sempre. Às vezes, durante o ano essa insipidez era rompida apenas por alguns festejos de caráter religioso. É claro que essa descrição do quotidiano não exemplifica a vida dos nobres que passavam o seu tempo entre caçadas e guerras”.

Trabalho versus capital: as primeiras escaramuças

Na época da Revolução Industrial europeia a concentração dos trabalhadores nas fábricas os aproximou e os uniu. Os sofrimentos comuns os irmanaram e as iras individuais se fundem em magmas de revoltas coletivas. Nasce o movimento operário. Toma corpo a peleja do trabalho contra o capital.

Como expressão desse quadro, surge um grupo de intelectuais que se esforça para elaborar teorias e fazer propostas para modifica-los. Os mais importantes pensadores são os “socialistas utópicos”. Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1792-1837) e Robert Owen (1771-1858). Este último, industrial inglês, conhecia bem o sistema de produção. Em 1817, na obra com o significativo título de Catecismo, ele expõe as razões das oito horas jornaleiras. Vejamos quais são:

“ 1) Porque essa é a duração de trabalho mais longa que a espécie humana – levando em conta o vigor médio e dando aos fracos o mesmo direito de existência que aos fortes – pode suportar continuando com boa saúde, inteligente e feliz;

2) Porque as descobertas modernas da química e da mecânica eliminam as necessidades de maior esforço físico;

3) Porque oito horas de trabalho e boa organização podem criar superabundância de riquezas para todos;

4) Porque ninguém tem o direito de exigir de seus semelhantes quantidades de esforço superior à requerida pela sociedade, simplesmente para se enriquecer às custas dos pobres;

5) Porque o verdadeiro interesse de cada um dos seres humanos é que todos tenham saúde, inteligência, felicidade e riquezas ”.

Infortunadamente era ó único industrial a pensar assim, na época.

Trechos do livro Primeiro de maio, Cem anos de luta, de José Luiz Del Roio, Organizado pelo Centro de Memória Sindical, 2016

Cartaz Alemão, 1 de maio pela jornada de 8 horas, 1900. AcervoFGF

Cartaz Sovietico, Leningrado, sobre o 1º de Maio. AcervoFGF

A Plebe, SP, 1949. Acervo CMS.

O Metalúrgico, SINDMETAL, STO ANDRE, 1978. Acervo CMS.

O Metalúrgico, SINDMETAL, STO ANDRE, 1978. Acervo CMS.

Cartaz 1º de Maio, SBC, 1979. Acervo CMS.

O Companheiro Metalúrgico, Sind. Metal. Guarulhos, 1979. AcervoCMS.

O Metalúrgico. Baixada Santista, 1979. Acervo CMS.

Cartaz SBC, 1981. Acervo CMS.

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