09 jan 2016 . 12:51
Passar a história a limpo
Com o novo protagonismo desempenhado pelo movimento sindical e as necessidades de qualificação dos dirigentes, tenho sentido falta de uma história de seus desenvolvimentos recentes.
A academia está exangue. A perda de prestígio nela, do trabalho e dos trabalhadores como atores relevantes, combinada à preplexidade que se abate sobre consagrados pesquisadores pela evolução dos acontecimentos que os surpreenderam, faz ficar evidente a contradição entre o papel desempenhado pelo movimento sindical no novo ciclo de desenvolvimento econômico e social e a quase total inexistência de estudos, formulações, teses, monografias e artigos, que deem conta disto. E, em primeiro lugar, sinto falta de uma história convincente e verídica.
Estamos pagando o preço da ultraideoligização a que fomos submetidos depois da renovação sindical dos fins dos anos 70 do século passado e dos banhos de água fria ideológica do auge do neoliberalismo nos quais o próprio trabalho e seus corolários, emprego, sindicato e ação coletiva, desapareceram.
Registro a confissão de uma pesquisadora publicada em 2002 que, orientada por um ideólogo que já pendurou a chuteira, teve que reconhecer que suas “primeiras expectativas em relação aos resultados desta pesquisa nos impeliam em direção oposta à realidade enfim encontrada: a inexistência de rígidas dicotomias separando o novo sindicalismo do sindicalismo oficial. Pouco a pouco deparávamos com situações inesperadas e constatávamos que as denominações correntemente usadas, novo sindicalismo e sindicalismo oficial, eram limitadas”.
Esta é a antessala para o reconhecimento de novas realidades e novas dinâmicas, a exigir um esforço conjunto e encadeado para passar a história a limpo.
João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical
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