Emicida canta: Sementes

19 nov 2023 . 12:56

A poesia enfatiza a questão racial e econômica associada ao trabalho infantil, mostrando como as crianças nas periferias, especialmente as crianças negras, enfrentam barreiras ainda maiores. O sistema é criticado por negar a elas a chance de uma vida plena e segura. Água, sol, tempo são metáforas para educação, saúde, afetividade.

 

Mas neste, mundo de desigualdade, são tantas as pessoas que não tem essas oportunidades! Emicida fala da periferia de São Paulo. Mas se aplica a qualquer cidade grande do mundo capitalista. Cidades que são máquinas de geração de pobreza e desigualdade em um ciclo vicioso, onde adultos não tem instrumentos para entender seu contexto, e poucas 00ferramentas para lutar para melhorá-lo.

Em suma, a poesia é um chamado à ação, clamando por uma mudança urgente para garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de crescer, florescer e viver uma infância plena, longe do trabalho precoce e das adversidades impostas pela desigualdade social.

Sementes
(Composição: Vinicius Leonard Moreira / Emicida / Thiago Jamelão / Drik Barbosa/2020)
Intérprete: Emicida (participação de Drik Barbosa)

Se tem muita pressão
Não desenvolve a semente
É a mesma coisa com a gente
Que é pra ser gentil
Como flor é pra florir
Mas sem água, sol e tempo
Que botão vai se abrir?
É muito triste, muito cedo
É muito covarde
Cortar infâncias pela metade
Pra ser um adulto sem tumulto
Não existe atalho, em resumo
Crianças não têm trabalho, não, não, não
Não ao trabalho infantil
Desde cedo, 9 anos
Era um pingo de gente
Empurrado a fórceps pro batente
O bíceps dormente, a mão cheia de calo
Treme, não aguenta um lápis
No fundão de São Paulo (putz)
Se a alma rebelde se quer domesticar
Menina preta perde infância, vira doméstica
Amontoados ao relento, sem poder se esticar
Um baobá vira um bonsai, é só assim pra explicar
Que o nosso povo nas periferia
Precisa encher suas panela vazia
Dignidade é dignidade, não se negocia
Porque essa troca leva infância, devolve apatia
E é pior na pandemia
Sobra ferida na alma, uma coleção de trauma
Fora a parte física e nós já tá na crítica
Pra que o nosso futuro não chore
A urgência é: precisamos ser melhores, viu?
Se tem muita pressão
Não desenvolve a semente
É a mesma coisa com a gente
Que é pra ser gentil
Como flor é pra florir
Mas sem água, sol e tempo
Que botão vai se abrir?
É muito triste, muito cedo
É muito covarde
Cortar infâncias pela metade
Pra ser um adulto sem tumulto
Não existe atalho, em resumo
Crianças não têm trabalho, não, não
Crianças não têm trabalho, não
Não ao trabalho infantil
Com oito ela limpa casa de família
Em troca de comida
Mas só queria brincar de adoleta
Sua vontade esconde-esconde
Já que a sociedade pega-pega
Sua liberdade e transforma em tristeza
Repetiu na escola por falta
Ele quer ir mas não pode
Desigualdade é presente
E tira seus direitos sem escolha
Trabalha ou rouba pra viver
Sistema algoz, que o arrancou da escola
E colocou pra vender bala nos faróis
Em maioria, jovens pretos de periferia
Que tem direito a vida plena
Mas só conhece o que vivencia
Insegurança, violência e medo
Trabalho infantil é um crime
E tem cor e endereço
Prioridade nossa
É assegurar que cresçam e floresçam
Alimentar a potência delas
A liberdade delas não tem preço
Merecem o mundo como um jardim
E não como uma cela
Se tem muita pressão
Não desenvolve a semente, não
É a mesma coisa com a gente
Que é pra ser gentil
Como flor é pra florir
Mas sem água, sol e tempo
Que botão vai se abrir? (Me diz)
É muito triste, muito cedo
É muito covarde (muito)
Cortar infâncias pela metade (é quente)
Pra ser um adulto sem tumulto
Não existe atalho, em resumo (diz)
Crianças não têm trabalho, não, não
Não, crianças não têm trabalho, não
Apenas não ao trabalho infantil

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