Plebe Rude canta: Johnny Vai à Guerra

24 out 2025 . 00:01

Plebe Rude, cantores e compositores brasileiros

Plebe Rude, cantores e compositores brasileiros

O escritor Dalton Trumbo (1905–1976) conseguiu expressar o horror da guerra por meio do personagem Joe Bonham, protagonista de seu livro Johnny vai à Guerra, publicado em setembro de 1939.
Joe encarna a violência do combate ao manter a consciência após perder completamente a mobilidade e os sentidos. Vítima da explosão de um projétil de artilharia, mutilado e isolado, ele mergulha em depressão e em lembranças do passado.

Recém-chegado da Primeira Guerra Mundial (1914–1918), Joe sintetiza o choque que aquele conflito provocou: pela primeira vez na história, uma guerra foi travada em escala industrial, com uso ostensivo de armamentos modernos, mecanização do combate e o massivo recrutamento de soldados. A chamada Grande Guerra marcou um ponto de virada para a humanidade. Depois dela, os conflitos assumiram um novo patamar de violência e destruição.

A história de Trumbo tornou-se um símbolo anti-guerra e, em 1986, foi resgatada pela banda Plebe Rude em sua canção “Johnny vai à Guerra (Outra Vez)”. Criada em Brasília, a Plebe Rude é reconhecida por seu engajamento político e social. Ao revisitar a trajetória de Joe Bonham, o grupo provoca a juventude a refletir sobre a conflituosa história do século XX e seus ecos no presente.

Mais do que isso, a música transporta o sofrimento físico e existencial de Joe para a contemporaneidade, criando uma analogia entre o horror da Grande Guerra e os sacrifícios impostos ao povo na vida urbana moderna. O “Johnny” da canção é o trabalhador, o soldado, o cidadão, o indivíduo comum — sempre lançado à linha de frente de guerras que não escolheu.

Nos anos 1980, quando a canção foi composta, o Brasil saía de uma ditadura militar e vivia o impacto da crise econômica, do desemprego e da desilusão política. Nesse contexto, o Johnny de Plebe Rude simboliza a juventude que desperta após anos de repressão, mas que se vê novamente em batalha — desta vez, contra a alienação, a desigualdade e a violência cotidiana. “Johnny” continua indo à guerra — não nas trincheiras da Europa, mas nas ruas, nas fábricas e nos campos de um país que ainda busca vencer suas próprias batalhas.

Johnny Vai à Guerra
Composição: Andre Philippe De Seabra, Andre Pinheiro Macha Mueller,Carlos Augusto Woortmann e Jander Ribeiro Dornellas
Intérprete: Plebe Rude

Go Johnny, go!

Johnny vai à guerra outra vez
diversão que ele conhece bem
Johnny vai à guerra outra vez
enquanto que a trégua não vem (não vem…)

Ele era apenas uma pequena ilha de luz na escuridão
sentado debaixo de um poste somente a pensar
Quem está lá fora? Ele queria saber.
O que a noite lhe espera? Ele procura saber. Saber!

Festa cheia de soldados que insistem em batalhar
por ausentes generais

Meia volta volver!

Johnny vai à guerra outra vez
diversão que ele conhece bem
Johnny vai à guerra outra vez
enquanto que a trégua não vem (não vem…)

Eles atacaram por trás com tapinhas na costas
já se conheciam há muito tempo mas tinham que disfarçar
Trocarem papéis, informações falsas
Se esconderam atrás de sorrisos procurando vitórias. Vitórias!

Todos sabem a procedência, mas não seu destino
Vão para todos os lugares

Ele não teme o interrogatório, mas as drogas podem fazê-lo falar
revelar segredos sobre ele mesmo
que o tornaria vulnerável demais

Johnny vai à guerra outra vez
diversão que ele conhece bem
Johnny vai à guerra outra vez
enquanto que a trégua não vem (não vem…)

Você os ouve? Estão lá fora!
Você os vê? Estão lá fora!
Seus aliados, estão lá fora!
Contra você!

E a trégua quanto tempo que eu espero
E a trégua quanto tempo que eu espero e não vem (não vem…)

Agora a noite terminou
mais uma batalha foi ganha
Mas ainda restam outras guerras
outros fins de semana
outros fins de semana

E a trégua não vem nunca!

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