06 ago 2020 . 20:11
Em uma segunda-feira, 6 de agosto de 1945, às 8 horas e 15 minutos da manhã, a um mês do término oficial da 2ª Guerra Mundial, Hiroshima foi alvo da bomba atômica “Little Boy”, lançada pelo bombardeiro do exército estadunidense, o Enola Gay.
A bomba matou imediatamente cerca de 80 mil pessoas, destruindo toda vida ao redor e irradiando seus efeitos devastadores por décadas à fio. Estima-se que ao final daquele ano 140 mil pessoas foram vitimadas em decorrência da bomba. O meio ambiente no local também foi gravemente contaminado pela radiação.
O poema desconstrói a beleza da rosa identificando-a com a imagem emblemática da explosão atômica, daí a antirrosa atômica. Ele prefere não usar a palavra bomba, criando referências que remetem aos seus efeitos. A bomba atômica é o termo chave dos acontecimentos. Ao não se referir diretamente a ele, a poesia nos convida a pensar em seus desdobramentos.
Delicada como uma cantiga de ninar e, ao mesmo tempo, austera como um protesto. A Rosa de Hiroshima convida o ouvinte a refletir sobre como o horror da guerra se aplica na realidade.
A Rosa de Hiroshima
(Composição: Vinicius de Moraes/Gerson Conrad/1973)
Intérprete: Secos e Molhados
Pensem nas crianças Mudas telepáticas
Pensem nas meninas Cegas inexatas
Pensem nas mulheres Rotas alteradas
Pensem nas feridas Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária
A rosa radioativa Estúpida e inválida
A rosa com cirrose A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
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