31 jul 2013 . 19:12
Por Rogério Tomaz Jr
A Greve Geral de 1983 levou, em plena ditadura militar, três milhões de trabalhadores às ruas. Contou com a adesão de 35 entidades sindicais e de associações de funcionários públicos. Diversos setores da sociedade (estudantes, partidos de esquerda, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entre outros) se solidarizaram com os trabalhadores, manifestando publicamente suas posições.
O governo de exceção, então comandado pelo general João Baptista de Figueiredo, estava cambaleante. Às mobilizações que, desde o final da década anterior, se espalhavam por todo o País, somava-se a economia em frangalhos, com inflação descontrolada, chegando a 100% ao ano, a crise da dívida externa e o desemprego elevado.
Como um prenúncio do projeto neoliberal aplicado com toda força nos anos 1990, o governo militar adotou o arrocho salarial, o corte de investimentos e a retração de direitos como resposta à crise econômica. Decretos consecutivos foram expedidos pelo governo, sempre com o objetivo de transferir a conta da crise para os trabalhadores.
Esse foi um dos motivos que fizeram da greve geral de 1983 um movimento tão amplo, com mais de três milhões de trabalhadores de todas as regiões do País saindo às ruas no dia 21 de julho, primeiro dia da mobilização. “Foi a primeira grande luta nacional que unificou os trabalhadores, após as greves de 1978, 1979, e obteve muita repercussão, contribuindo para termos um forte movimento pelas Diretas Já, alguns meses depois. Sem dúvida, foi um marco fundamental da resistência à ditadura, que já se encontrava em forte declínio, tanto que conseguimos derrotar um dos seus decretos na votação da Câmara”, lembrou o deputado José Genoíno (PT-SP), que integrava a primeira bancada parlamentar do PT no Congresso Nacional.
Militante do movimento sindical petroleiro, o deputado Luiz Alberto (PT-BA) também participou da greve geral. “Foi uma mobilização história, que envolveu categorias muito fortes do sindicalismo brasileiro, como os metalúrgicos, os petroleiros, os bancários, os professores, entre outras. Conseguimos mostrar a nossa força à ditadura, que dedicava grande esforço para reprimir, perseguir e impedir o crescimento da força política dos trabalhadores e dos seus líderes”, afirmou o parlamentar baiano. “A ditadura chegava ao seus estertores, mas já tentava impor o modelo do Estado mínimo e de arrocho aos trabalhadores. Felizmente, tivemos força para realizar aquela mobilização, que teve a contribuição de diversos atores da esquerda que acabaram convergindo para criação da CUT. Sem dúvida, a greve de 83 teve um papel fundamental na nossa história”, acrescentou Luiz Alberto. A greve geral foi convocada pela Comissão Nacional Pró-CUT e por centenas de organizações sindicais de todo o Brasil.
Rogério Tomaz Jr., PT na Câmara
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