30 jan 2013 . 11:23
Estadão culpa operários por demissões na GM. Por Altamiro Borges — http://altamiroborges.blogspot.com/2013/01/estadao-culpa-operarios-por-demissoes.html?spref=tw .
Altamiro Borges, jornalista
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Estadão culpa operários por demissões
Por Altamiro Borges
O jornal Estadão, que nasceu no século retrasado publicando anúncios da venda de escravos, não nega o seu passado escravocrata. Na semana passada, no editorial intitulado O preço do radicalismo, o jornalão culpou os próprios operários pelas ameaças de demissões da montadora GM, em São José dos Campos (SP). Na ótica da falida e decadente famiglia Mesquita, a resistência dos trabalhadores à brutal exploração patronal emperrou a multinacional. O melhor, aconselha, teria sido eles aceitarem o retorno à escravidão!
Segundo o jornal, os operários foram dominados pelo radicalismo, que os impede de entender as transformações pelas quais passa o mundo do trabalho. A culpa, garante, é dos dirigentes sindicais de São José dos Campos [que] inviabilizam investimentos na expansão do parque industrial da região, reduzem as oportunidades de emprego, prejudicam os trabalhadores que dizem defender… Agindo de modo insensato, afastam-se cada vez mais dos trabalhadores e se arriscam a perder o direito de se proclamarem seus representantes.
Na sua visão colonizada, o Estadão chega a defender as práticas predatórias da multinacional ianque. Enfrentando concorrência cada vez mais acirrada, como ocorre com outras empresas industriais instaladas no País, a montadora de veículos vem procurando reduzir seus custos operacionais, aumentar sua produtividade e, assim, defender seus mercados e, se possível, ampliá-los. Isso implica decisões cruciais em diferentes áreas, como a dos investimentos e a das relações trabalhistas.
Inimigo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) desde sua introdução no governo de Getúlio Vargas, o jornal aplaude as propostas regressivas da GM como a adoção de jornadas diferenciadas e a revisão dos padrões de remuneração. E afirma que estas mudanças não avançam por causa do radicalismo da direção sindical, dominada pelo PSTU e seu braço sindical, a Conlutas. Jogando na divisão dos trabalhadores, o Estadão ainda elogia a postura mais flexível dos sindicalistas do ABC paulista.
O editorial reflete bem o pensamento retrógrado da burguesia. Para manter os seus altos lucros, o capital reivindica mais subsídios e isenções do governo mama nas tetas do Estado e exige a retirada dos direitos trabalhistas. Para fazer vingar os seus interesses, ele parte para o terrorismo, ameaçando desempregar milhares de trabalhadores. Neste esforço, a burguesia conta com o apoio militante da mídia o partido do capital na atualidade. O Estadão é uma das excrescências desta manobra patronal.
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