06 mar 2020 . 12:39
Nascida em uma família de operários, em Dores do Indaiá, MG, em 23 de fevereiro de 1951 Nair começou a trabalhar aos 12 anos, para ajudar em casa.
No fim da década de 1960 começou a participar de movimentos políticos de resistência à ditadura militar iniciada em 1964. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1973, onde sofreu perseguição política e para São Paulo em 1977. Trabalhou na metalúrgica DF Vasconcelos e, depois, na linha de montagem da Caloi.
Em depoimento concedido ao Centro de Memória Sindical, em 1985, Nair falou sobre sua chegada em São Paulo e sobre sua entrada no Sindicato dos Metalúrgicos:
“Era um período de pleno emprego. As fábricas de São Paulo punham aquelas placas enormes: ‘Precisa-se’. Havia várias ofertas de emprego, na minha área, controle de qualidade. Aí eu fui na primeira ‘DF Vasconcelos’, que fabricava periscópio para a Marinha. Fiz teste e tinha certeza que tinha ido bem. Sabia o que estava fazendo. Mas o engenheiro me disse: ‘Olha, o seu teste foi ótimo. Você está muito bem preparada, tem o perfil, mas tem um problema, na fábrica não tem mulher. Só homens. Como você vai poder trabalhar como inspetora?’. Aí eu senti na pele. Mas não tinha nenhuma consciência de gênero, nada disso. Conversei com ele, disse que eu estava preparada para a função e precisava da oportunidade. Resolvermos tentar e fui trabalhar naquela fábrica. Nunca tive problema com o pessoal. Adorava o emprego. Depois, fui trabalhar na Caloi, fui eleita para a Cipa, e passei a participar do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Dentro da Caloi, como comecei a fazer um trabalho sindical recebi uma proposta para participar da chapa de unidade, de acordo com o Joaquim dos Santos de Andrade. Havia duas mulheres na chapa, a Mariazinha (Maria Raimunda Nunes Pereira) e eu. Entramos para diretoria em 1981. Fomos as primeiras mulheres a participar da direção deste Sindicato”.
Sua vida em São Paulo foi bastante profícua. Ela participou do processo de organização das centrais sindicais, da Conclat de 1981 e foi uma das organizadoras do 1º Congresso de Mulheres Trabalhadoras Metalúrgicas de São Paulo, em 1986.
Em oito de março de 1991, no Congresso de Fundação da Força Sindical Nacional, foi eleita Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres.
No ano 2000 Nair mudou-se para a Bahia, onde assumiu a frente da Força Sindical do Estado.
Em sua vida ela foi uma das mais ativas e coerentes lideranças do movimento sindical nacional e internacional. Foi presidente Adjunta da Confederação Sindical Internacional (CSI), membro do Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho, OIT, e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES). Na Bahia, fez parte do Comitê Gestor da Agenda Bahia de Trabalho Decente e compôs o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, CODES- BA.
Em 2014, por iniciativa da vereadora Fabíola Mansur (PSB), Nair foi homenageada na Câmara Municipal de Salvador, pela sua vida de lutas, recebendo a Comenda Maria Quitéria.
Nair lutou contra um câncer por seis anos, vindo a falecer no dia sete de setembro de 2016. Mãe e avó, sua história é exemplo para todas as mulheres e homens. Ela conseguiu se firmar e realizar um importante trabalho em uma época de repressão política e em ambiente predominantemente masculino. Sua trajetória abriu caminho e serve de exemplo para diversos trabalhadores e trabalhadoras que abraçaram a luta sindical.
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