Tito Oliveira, sindicalista metalúrgico, mais uma vítima do COVID

27 ago 2020 . 15:52

É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do companheiro Tito de Oliveira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e Região.
O sindicalista não venceu as complicações em decorrência da Covid-19 e faleceu, aos 71 anos, na madrugada desta quinta-feira (27).
Tito sempre foi um lutador da causa operária, um militante atuante em defesa dos direitos dos trabalhadores. Em sua trajetória no movimento sindical realizou um importante trabalho, especialmente, na base metalúrgica.
Já faz muita falta, não só por sua capacidade de luta e mobilização, mas principalmente por sua amizade e companheirismo. Descanse em paz amigo Tito, você será sempre lembrado por sua incansável luta em defesa dos trabalhadores.
Que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos deste grande companheiro!
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes 
Leia aqui o artigo do jornalista Marco Damiani sobre o metalúrgico Tito:

Por Marco Damiani

Com a partida repentina de Tito de Oliveira, aos 71 anos, após infindáveis dias de luta contra a covid-19, o Brasil perde um modelo exemplar de lutador pelos mais vulneráveis. Ao contrário daqueles que gostam de se exibir com suas caras amarradas, vozes guturais e permanente mau humor, o que só os afasta dos necessitados e segrega ainda mais os trabalhadores em relação ao todo da sociedade, Tito era o homem do sorriso. O líder que se pautava pela reflexão. O militante que não jogava para a plateia, contando vantagem sobre seus feitos, sua coragem, valentia etc. Nada disso. Era gregário em sua empatia, efetivo em cada uma das missões político-sindicais que abraçou ao longo da vida, firme ao extremo em suas convicções sem jamais, repita-se, ter perdido a ternura. Um verdadeiro homem de novo tipo, capaz de bem cuidar do outro como de si próprio.

Quando a noite era mais escura, nos anos 1970, ditadura militar sanguinária no Brasil, Tito, então muito jovem, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro para passar a fazer o que fez durante toda a sua vida: lutar pelos trabalhadores. Fábrica a fábrica, na qualidade de dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ele semeou amigos, firmou companheiros, honrou camaradas e venceu, junto a eles, batalhas épicas pela manutenção e ampliação de direitos trabalhistas, sindicais e civis. Perdeu a conta de quantas greves e negociações participou, nunca tergiversando na defesa de relações de trabalho dignas e justas. Se havia luta – e muita luta havia -, lá estava o Tito, com sua postura altiva, presença de espírito marcante e o sorriso que encorajava e tranquilizava a todos naqueles momentos de extrema tensão e grande risco.

Tito era assim porque sabia lutar. Compreendia a dimensão humana. Gostava das pessoas. Sabia que amor pelo próximo e a ojeriza pela injustiça não deviam intoxicar sua alma, torná-lo mais um radical de tabuleta. Era sincero em seus princípios. Equilibrava com maestria a atividade patriótica da qual nunca se desligou com profunda dedicação e amor por sua família. Dele, muitos hoje relembram momentos especiais, nos quais uma palavra, uma atitude do Tito faziam clarear situações difíceis, animar quem já se cansava, empolgar massas inteiras em seus discursos em portas de fábrica e assembleias.

“O Tito foi um patrimônio inestimável dos comunistas brasileiros”, resume o ex-integrante do Comitê Central do PCB Régis Savietto Frati, que com o líder que se foi nesta madrugada travou incontáveis lutas clandestinas e à luz do dia. “A democracia só prosperou no Brasil pelo trabalho obstinado e corajoso de pessoas com o Tito, um camarada do qual me orgulho de ter sido amigo”.

Em nota, o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo Luiz Antônio Medeiros lamentou a perda repentina e lembrou a trajetória do camarada:

“Estou pessoalmente chocado com o falecimento de um amigo com quem convivi na luta pelos direitos dos trabalhadores e pela democracia desde a época da ditadura, nos terríveis anos 70. Tito de Oliveira foi um militante metalúrgico do PCB na luta clandestina, combateu o duro e difícil combate e será sempre lembrado pelo seu jeito afável com todos, e ao mesmo tempo combativo e corajoso em defesa dos trabalhadores. Tito trabalhou comigo no Sindicato dos Metalúrgicos e também em minha assessoria parlamentar. Esse vírus maldito levou um querido e amigo companheiro. Que a Cláudia e seus filhos recebam todos os meus sentimentos e o testemunho dessa figura tão positiva, querida e honrada que hoje nos deixou. Adeus, querido Tito!”

Fonte: br2pontos.com

Comentários



ÚLTIMAS DE

Noticias

Fotos históricas

Documentos Históricos

  As fotos estão em ordem cronológica Remo Forli e Conrado Del Papa, no lançamento da pedra fundamental da sub-sede de Osasco do Sindicato dos Metalúrgicos...

VER MATÉRIA

Leia aqui o livro A História dos Metalúrgicos de São Paulo

Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo

VER MATÉRIA

Tonico e Tinoco cantam: Vida de Operário

Música e Trabalho

Apesar do perfil conservador e ufanista que marcava (e ainda marca) a música sertaneja, Vida de Operário, de Tonico e Tinoco, destoa da maioria, até...

VER MATÉRIA

Visão geral do acervo

Arquivo

Centro de Memória Sindical – Arranjo do Acervo

VER MATÉRIA

Arquivo – Sindicatos

Arquivo

Catálogo de coleções de sindicatos, acondicionadas em caixas contendo documentos em papel de variadas tipologias. Documentos de datas esparsas entre as décadas de 1930 e...

VER MATÉRIA

Música e Trabalho

PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL

Show Buttons
Hide Buttons