14 set 2012 . 10:31
"Você acredita no IBOPE ? O Governo acredita – http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/09/14/voce-acredita-no-ibope-o-governo-acredita/".
Paulo Henrique Amorim, jornalista
No twitter https://twitter.com/ConversaAfiada
Você acredita no IBOPE ? O Governo acredita
Quantos administradores públicos têm consciência de que podem estar torrando dinheiro do povo numa indústria cuja confiabilidade é discutida?
Distribuição de verbas públicas fortalece monopólio da mídia
Apenas dez veículos de comunicação concentram 70% da verba de propaganda do governo federal, destinada a mais de 3 mil emissoras de TV, jornais, revistas, rádios, sites e blogs em todo o Brasil. Os dados divulgados pela Secretaria de Comunicação Social, vinculada à Presidência da República, foram alvo de críticas de setores progressistas da mídia brasileira.
Por Mariana Viel, do Portal Vermelho
Os números mostram que desde o início do governo Dilma Rousseff, mais de R$ 161 milhões foram repassados para empresas de comunicação. Deste total, R$ 111 milhões se concentraram em dez empresas, em especial TVs.
Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e secretário nacional de Mídia do PCdoB, Altamiro Borges, explica que o critério adotado pelo governo para a distribuição das verbas de publicidade reforça o monopólio midiático no país.
Ao invés de dar dinheiro para rádios e TVs comunitárias, veículos de trabalhadores, de bairros e de estudantes, esse recurso se desloca apenas para sete famílias que já concentram a mídia brasileira. Por outro lado, no caso da rádiodifusão, como não há qualquer legislação, você dá dinheiro para quem manipula a opinião pública.
Os números revelam que a Globo Comunicação e Participações S.A. responsável pela TV Globo e sites ligados à emissora ficou com quase um terço da verba entre janeiro de 2011 e julho deste ano, R$ 52 milhões. A segunda colocada é a Record, com R$ 24 milhões. A ministra da Secom, Helena Chagas, disse que o critério usado para a distribuição é a audiência.
Altamiro considera distorcido o argumento apresentado pela Secom para a distribuição dos recursos. Até por critérios de mercado a grana é distribuída de forma errada. Do total desse valor, metade vai para a Rede Globo, o que é uma aberração porque ela não tem metade da audiência. São os bônus de publicidade denunciados até no Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão que são uma forma de manipulação de índices de publicidade e que acabam fazendo metade da grana ir para quem não tem metade da audiência. É um desrespeito até às outras emissoras, mas como elas têm um conluio, um pacto mafioso, não chiam tanto.
Também em entrevista ao Portal Vermelho, o jornalista Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, reafirma a contestação sobre a audiência de 50% da Rede Globo, aferida pelo Ibope. Minha audiência é mediada pelo Google Analitcs, pelo Comscore. Quando vai pra Globo quem diz que a audiência é 50% é o Ibope. E se não for 50% da audiência? Essa é que á a minha dúvida. Quantos administradores públicos têm consciência de que podem estar torrando o dinheiro do povo numa indústria cuja confiabilidade é discutida?
A Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, recebeu R$ 661 mil. A Infoglobo, que edita o jornal O Globo, R$ 927 mil. O jornal O Estado de S. Paulo, R$ 994 mil. O portal UOL, controlado pelo Grupo Folha, recebeu R$ 893 mil. Sobre a verba destinada aos veículos de pequeno porte, a secretaria diz que eles fazem parte de política de regionalização do governo.
O presidente do Barão de Itararé contesta o próprio critério mercadológico utilizado pelo governo federal para a distribuição dos valores destinados à mídia alternativa brasileira. Segundo ele, os governos militares ajudaram a construir a Globo e os governos atuais ajudam a sustentá-la. Alguns calunistas desses veículos adoram falar mal dos blogs dizendo que eles recebem dinheiro. Mas se você vai na planilha eles recebem uma merreca. Se fosse pela audiência que têm o Paulo Henrique Amorim e o Luis Nassif apenas citando dois eles deveriam receber muito mais. O governo tem medo de dar dinheiro para esses blogs porque vai ser atacado pela mídia. O que chama a atenção é que esses calunistas que falam tanto que esses blogs recebem dinheiro são alimentados pelo governo federal.
Durante os três encontros de blogueiros realizados em 2010, 2011 e 2012, foram feitas duras críticas a nessa forma de distribuição de verbas, informa Altamiro. As discussões levantaram a necessidade de as verbas do governo, dinheiro público, serem usadas para estimular a diversidade e a pluralidade informativa e não para concentrar ainda mais nos meios de comunicação.
Paulo Henrique Amorim reforça o debate. O que acho estranho e surpreendente, para não dizer chocante do ponto de vista político, é que o governo federal não tenha uma política de incentivar a chamada mídia alternativa. Os chamados blogueiros sujos e todos os mecanismos de romper essa enorme barreira, esse muro imposto pelo o que eu chamo de PIG que existe entre a população e a informação.
O jornalista e blogueiro estende a discussão sobre a distribuição dos recursos de publicidade para a política pública cultural país. Não há uma política governamental clara e bem definida uma Lei Dilma, para substituir a Lei Rouanet de financiamento e estímulo à criação de conteúdo alternativo. Acho que o Ministério da Cultura deveria ser um Ministério de conteúdo alternativo à Globo financiando, por exemplo, o teatro brasileiro de comédia. Então deveria ter um teatro brasileiro de comédia para levar as peças do Oduvaldo Viana Filho ou do Plínio Marcos. A dramaturgia brasileira hoje é ocupada ou por artistas da Globo ou por textos do Nelson Rodrigues.
Esses números que saíram hoje da publicidade oficial do governo federal são a ponta do iceberg. Quero botar na balança as verbas da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, dos Correios, da Petrobras, da Eletrobras, e vamos ver como é que eles tratam a Globo. Essa é a minha dúvida, completa.
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