Chico Science e Nação Zumbí cantam: A Cidade

18 mar 2021 . 14:01

A cidade é um local de disputa. Disputa de poder. As grandes cidades exprimem as maiores contradições do sistema capitalistas “O de cima sobe e o de baixo desce” enquanto a cidade cresce. Isso está claro. Estava claro para o pernambucano Chico Science, que viu Recife e Olinda crescerem à sua frente. A partir da década de 1950 a expansão urbana levou ao enriquecimento de poucos e à ocupação desordenada nas periferias, onde muitos viviam – e vivem, trabalhando muito e ganhando pouco.

Em “A cidade”, Science se refere aos prédios que se erguiam (pedras evoluídas) com o trabalho de (pedreiros suicidas), aos coletivos, automóveis, motos e metrôs, trabalhadores, patrões, policiais, camelôs, mendigos ou ricos, e da segurança que garante a lei a ordem para que a cidade possa ser o centro das ambições. Das ambições do poder e do dinheiro.

O ano de 1993, quando a música foi gravada, foi um ano de recessão e desemprego, marcado pelo fim da Guerra Fria e pela sensação de vitória do neoliberalismo. Deste período de crise e de desemprego emergiu também uma nova onda cultural, o Manguebeat. Um movimento crítico, mas mais irreverente e com mais influencias regionais do que a fase anterior do rock nacional, muito influenciada por bandas europeias. Chico Science foi o maior representante do Manguebeat, que teve também Mundo Livre S/A, Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, DJ Dolores, Jorge Cabeleira entre outros. Ele morreu no auge da fama, em um acidente de carro, em 1997, com apenas 30 anos.

A cidade

(Composição: Chico Science/1993)

Interprete: Chico Science e Nação Zumbí

O Sol nasce e ilumina as pedras evoluídas,
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas.
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas,
Não importa se são ruins, nem importa se são boas.

E a cidade se apresenta centro das ambições,
Para mendigos ou ricos, e outras armações.
Coletivos, automóveis, motos e metrôs,
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs.

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.

A cidade se encontra prostituída,
Por aqueles que a usaram em busca de saída.
Ilusora de pessoas e outros lugares,
A cidade e sua fama vai além dos mares.

No meio da esperteza internacional,
A cidade até que não está tão mal.
E a situação sempre mais ou menos,
Sempre uns com mais e outros com menos.

A cidade não pára, a cidade só cresce
E de cima sobe e o de baixo desce.
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tú.
Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus. (haha)
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tú.
Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus. (ê)

Num dia de Sol, Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior

Gostou? Conheça mais Música&Trabalho Aqui

Comentários



ÚLTIMAS DE

Música e Trabalho

Fotos históricas

Documentos Históricos

  As fotos estão em ordem cronológica Remo Forli e Conrado Del Papa, no lançamento da pedra fundamental da sub-sede de Osasco do Sindicato dos Metalúrgicos...

VER MATÉRIA

Visão geral do acervo

Arquivo

Centro de Memória Sindical – Arranjo do Acervo

VER MATÉRIA

Arquivo – Sindicatos

Arquivo

Catálogo de coleções de sindicatos, acondicionadas em caixas contendo documentos em papel de variadas tipologias. Documentos de datas esparsas entre as décadas de 1930 e...

VER MATÉRIA

Jornais

Arquivoc

Catálogo de coleções de jornais. Jornais de datas esparsas entre as décadas de 1920 e 2010. Acondicionamento em pastas.

VER MATÉRIA

Música e Trabalho

PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL

Show Buttons
Hide Buttons