Cidade Negra canta: Luta de classes

14 maio 2021 . 18:41

Nos dias 11 e 13 de maio comemoramos duas datas importantes para a luta social e, especialmente, para o combate ao racismo e pela valorização do povo negro e sua história.

O Dia Nacional do Reggae, em 11 de maio, marca a morte do músico pacifista jamaicano, Bob Marley. Nascido de uma mistura de estilos caribenhos e norte-americanos, o reggae de Marley, foi considerado quase como uma religião, um convite à comunhão frente a violência e a pobreza que afligiam a Jamaica, em especial o subúrbio de Trench Town, nos anos de 1970. Não à toa, Bob Marley é merecidamente celebrado como a voz dos pobres e oprimidos e como um símbolo de resistência negra. No Brasil o 11 de maio foi instituído como o Dia Nacional do Reggae em 2012, como forma não só de homenagear, mas de reconhecer a influência do ritmo incorporado na cultura popular brasileira.

Mas a data mais determinante que marcamos aqui é a abolição da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, há somente 133 anos.

Sim, o dia da abolição é uma oportunidade para um debate acerca da situação dos negros no país. Uma oportunidade, inclusive, para afirmar que a questão dos negros não está circunscrita ao 13 de maio ou 20 de novembro. No Brasil ela é onipresente. Em todos os momentos, em todos os olhares de desconfiança, medo e de superioridade das elites brancas. Presente no fato de os negros morrerem mais, mais jovens, trabalharem mais e ganharem menos. Presente da Maré, a nossa Trench Town, à Jacarezinho.

São muitas as músicas que tratam da questão da abolição, da forma limitada como ela ocorreu e que alertam para o drama e para as sequelas sociais da falta de política de inserção dos ex-escravos recém libertos. A música Luta de Classes, da banda Cidade Negra, nos permite, além de abordar esta questão tão cara aos trabalhadores e trabalhadoras, fazê-lo de forma a contemplar também o reggae, a cultura negra e sua grande influência não apenas como estilo, mas como uma mensagem de paz.

A canção aparece no segundo álbum da banda carioca Cidade Negra, de nome A Sombra da Maldade. Sua letra traz a ideia tradicional de Luta de Classes. A História teria na Luta de Classes o motor de seu desenvolvimento, marcada pelo confronto e pela contradição entre os que detém a posse dos meios de produção e os que detém a força de trabalho. Transformar sociologia em música pop requer um intenso processo de depuração. Mas pode ser uma atitude eficiente para agregar conteúdo à cultura e, sobretudo, semear um pensamento crítico na sociedade.

Luta de Classes

 (Composição: Samuel Rosa e Chico Amaral/1994)

Intérprete: Cidade Negra

Tudo que eu posso ver
(Essa neblina…)
Cobrindo o entardecer
Em cada esquina
Tudo que eu posso ver
(Essa fumaça…)
Cobrindo o entardecer
Em cada vidraça
Mas eu quero te contar os fatos
Eu posso mostrar fatos pra você
É só ter um pouco mais de tato
Que fica claro pra você
Desde a antiguidade
As coisas estão assim, assim.
Os homens não são iguais, não são.
Não são iguais, enfim!

Daí toda essa história
Daí a história surgiu
Escravos da Babilônia,
Trabalhador do Brasil.
Tudo que eu posso ver
(Essa neblina…)
Cobrindo o entardecer
Em cada esquina
Tudo que eu posso ver
(Essa fumaça…)
Cobrindo o entardecer
Em cada vidraça

Mas veio o ideário
Da tal revolução burguesa
Veio o ideário, veio o sonho socialista.
Veio a promessa de igualdade e liberdade
Cometas cintilantes que se foram pela noite
Existirão enquanto houver um maior!

Daí é que veio a história
Daí a história surgiu
Escravos da Babilônia,
Trabalhador do Brasil.

Do antigo Egito à Grécia e Roma
Da Europa feudal
Do mundo colonial
Do mundo industrial
Na Rússia stanilista
Em Wall Street
Em Cuba comunista
E no Brasil?
E no Brasil, hein?

Daí é que vem a história
Daí a história surgiu
Escravos da Babilônia,
Trabalhador do Brasil.

Baixada!!
(Essa neblina…)
Chega junto, baixada!!
(Essa esquina…)

Cobrindo o entardecer
Em cada esquina
Tudo o que eu posso ver
(essa fumaça)
Cobrindo o entardecer
Em cada vidraça

 

 

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