03 set 2023 . 06:03
Capitão de indústria trata do velho dilema que contrapõe trabalhar e viver. Como se o trabalho sequestrasse o ser humano, impedindo-o de desfrutar “da estrada, do amor e das coisas coloridas”.
A padronização da sociedade capitalista, sobretudo em sua fase industrial, que ao sabor da produção, segmentou todas as esferas da vida, tornou essa separação ainda mais nítida.
No ano em que a música foi lançada, 1972, o espanto de uma sociedade de origem rural, em um ambiente urbano em crescente industrialização, ainda era grande. Na década de 1960 e 70 o Brasil viveu uma virada em seu perfil, deixando de ser predominantemente rural, com o povo passando a habitar massivamente as grandes e médias cidades.
Transformação que foi expressa na cultura, na música, na televisão e nas novelas que passavam a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Capitão da indústria foi tema de uma dessas novelas, Selva de Pedra, coroando um momento que marcou o imaginário da nação.
Capitão de Industria
(Composição: Marcos Valle / Paulo Sergio Kostenbader Valle/1972)
Intérprete: Erasmo Carlos
Eu às vezes fico a pensar
Em outra vida ou lugar
Estou cansado demais
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Ah, eu acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
Eu não vejo além da fumaça que passa e polui o ar
Eu nada sei
Eu não vejo além disso tudo
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Eu acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Ah, acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
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