Legião Urbana canta: Fábrica

23 dez 2012 . 14:17

A produção industrial é sinal do progresso que a humanidade alcançou em sua história. Os efeitos colaterais da forma como ela é realizada, entretanto, são mazelas sociais e ambientais que dividem esta mesma humanidade. A estratificação social é anterior ao advento da indústria, mas a produção em massa, que marca a expansão do capitalismo, acentuou ainda mais a exploração da mão de obra. Por isso a fábrica, cantada aqui pela banda Legião Urbana, é também um símbolo desta condição historicamente forjada.

Fábrica é, neste sentido, um manifesto contra a exploração dos trabalhadores, mas não contra o trabalho. Ela aponta para uma perspectiva de superação ao reivindicar trabalho honesto em vez de escravidão e, sobretudo, ao iniciar sua poesia afirmando que Nosso dia vai chegar….

Vale registrar que a música foi composta no auge da chamada década perdida (1980), quando o Brasil, assim como toda América Latina, sofreram com altos índices de desemprego, estagnação econômica inflação fora de controle.
Além da desigualdade entre os homens, a música também menciona os estragos que a produção fabril promove na natureza.

Fábrica

(Composição: Renato Russo/1986)

Intérprete: Legião Urbana

Nosso dia vai chegar
Teremos nossa vez
Não é pedir demais:
Quero justiça
Quero trabalhar em paz
Não é muito o que lhe peço
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão

Deve haver algum lugar
Onde o mais forte não
Consegue escravizar
Que não tem chance

De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fabrica?

O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada
De tanto brincar com fogo
Que venha o fogo então
Esse ar deixou minha vista cansada
Nada demais

Música indicada por Ricardo Flaitt.