04 nov 2012 . 13:54
Em Asa Branca o trabalhador rural sente as dores de sua terra ardendo e usa um de seus símbolos de poder e perigo para descrever esta ardência: a fogueira de São João. Sua sabedoria, assentada na vivência, lhe dá a compreensão sobre o funcionamento dos fenômenos, mas não explica suas causas. As causas, então, ele atribui a Deus, recolhendo-se assim, à aceitação de sua miséria. A única saída que ele vê é o êxodo. Forçadamente exilado, o trabalhador perde sua identidade e sente a dor da saudade de sua terra.
Asa Branca
(Composição: Luíz Gonzaga e Humberto Teixeira/1947)
Intérprete: Luiz Gonzaga
Quando “oiei” a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de “prantação”
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus “óio”
Se “espaiar” na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
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