Renato Teixeira canta: Sina de Violeiro

04 maio 2014 . 13:00

A lida no campo, as dificuldades dos lavradores e suas famílias, é retratada nessa bela poesia.

Em uma visão romantizada do campo a vida, o corpo e o trabalho se confundem: semear a terra de milho é semear as mãos de calos, a alma de trabalho e a vida de amor. Assim o camponês se vê como parte da natureza que cultiva. Assim o homem aceita sua condição, sem praguejar. Mas dizer que ele não sonhava é ironia ou teimosia. Reunir a prole para cantar é sonhar. E dessa sensibilidade que teimava brotar da vida rude do campo, nasceu a dor.

Sina de Violeiro

(Composição: Renato Teixeira/1995)

Intérprete: Renato Teixeira

Meu pai chegou aqui num fim de dia,
Há muito tempo em cima de um cavalo
E era pobre e moço e só queria
Semear de calo as mãos de plantador
Com minha mãe casou-se assim que pode
Acharam um rancho no jeito e na cor
Da terra boa e semeou o milho
E semeou os filhos, e semeou o amor

E assim a vida foi-se como um rio
Meu pai dizia, um dia será mar
E toda noite reunia a prole
E tinha cantorias para se cantar
Não era fácil a lida mas valia
Porque um homem precisa lutar
Nem quando a morte nos levou Rosinha
A mais pequenininha deu pra fraquejar

De sol a sol, o braço no trabalho
Foi como um laço mas nunca sonhou
Por isso Pedro, nosso irmão mais velho
Foi para cidade e nunca mais voltou
Mariazinha se casou bem moça
E foi com Bento homem trabalhador
Mas veio um tempo negro em sua vida
Ele garrou na pinga e nunca mais largou

Uma cegueira triste
Certo dia nos olhos calmos do meu pai entrou
Varreu as cores do seu pensamento
Ele deitou na cama e nunca mais falou
A minha mãe mulher de raça forte
Pegou nas rédeas com as duas mãos
E eu me enterrei de alma na viola
Onde plantei tristezas e colhi canções

Por isso mesmo amigo é que eu lhe digo
Não tem sentido em peito de cantor
Brotar o riso onde foi semeada
A consciência viva do que é a dor

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