Adelina, A Charuteira

15 ago 2022 . 03:04

Adelina, A Charuteira (Josepha Tereza da Silva), 07/04/1859 (data da morte desconhecida). Escravizada, abolicionista

Adelina nasceu no Maranhão por volta do século XIX e foi uma mulher escravizada, assim como sua mãe. Não se sabe ao certo qual era a sua função dentre os escravos, porém temos a informação que Adelina era filha de um rico senhor e, sendo assim, cresceu com a promessa de um dia ser libertada. Apesar das promessas, passou boa parte de sua vida sendo escrava do próprio pai.

Adelina sabia ler e escrever, habilidades incomuns e altamente desestimuladas, uma vez que a manutenção da escravidão dependia principalmente da submissão dos escravizados, que não apresentavam condições para questionar sua situação. A sua mãe criou todos os filhos do senhor e, no leito de morte, recebeu a promessa que ele libertaria a filha assim que ela completasse 17 anos.

Com o passar dos anos, o pai de Adelina empobreceu. Ele passou a fabricar charutos e, a partir de então, Adelina tornou-se responsável pela venda, deslocando-se duas vezes por dia até a cidade, passando em cada um dos bares que encontrava pelo caminho. Além dos charutos, Adelina também vendia fumo aos transeuntes.

Nas vezes que passava pelo Largo do Carmo, era abordada por estudantes do Liceu, que passaram a ser clientes. Enquanto fazia suas vendas, Adelina assistia aos comícios abolicionistas promovidos pelos estudantes do colégio, tornando-se uma frequentadora assídua e parte do movimento.

O conhecimento que Adelina possuía da cidade e sua facilidade em transitar sem levantar suspeitas, uma vez que andava de rua em rua vendendo fumo, acabou por ser um trunfo para o movimento abolicionista. A charuteira observava e antecipava as ações da polícia, conhecia suas rotas e se certificava de avisar os integrantes do movimento caso notasse qualquer ameaça. Ela era responsável por enviar informações e estratégias dos escravistas à Associação Clube dos Mortos, que escondia escravos e promovia suas fugas.

Sua atuação como uma mulher negra que lutou contra a escravidão, porém, não é reconhecida por uma boa parcela da população brasileira. O seu nome foi invisibilizado na história nacional, assim como muitos outros, devido ao racismo e ao machismo daqueles que detêm a narrativa.

Texto de Francielle Luz e Jonas Vincent publicado no site GFT

Comentários



ÚLTIMAS DE

BRASIL 200

Fotos históricas

Documentos Históricos

  As fotos estão em ordem cronológica Remo Forli e Conrado Del Papa, no lançamento da pedra fundamental da sub-sede de Osasco do Sindicato dos Metalúrgicos...

VER MATÉRIA

Leia aqui o livro A História dos Metalúrgicos de São Paulo

Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo

VER MATÉRIA

Tonico e Tinoco cantam: Vida de Operário

Música e Trabalho

Apesar do perfil conservador e ufanista que marcava (e ainda marca) a música sertaneja, Vida de Operário, de Tonico e Tinoco, destoa da maioria, até...

VER MATÉRIA

Visão geral do acervo

Arquivo

Centro de Memória Sindical – Arranjo do Acervo

VER MATÉRIA

Arquivo – Sindicatos

Arquivo

Catálogo de coleções de sindicatos, acondicionadas em caixas contendo documentos em papel de variadas tipologias. Documentos de datas esparsas entre as décadas de 1930 e...

VER MATÉRIA

Música e Trabalho

PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL

Show Buttons
Hide Buttons