29 nov 2022 . 20:34
O projeto “Brasil em 200 Nomes”, idealizado pela CUT Brasil e CUT-SP junto com as centrais CTB, Foça Sindical, Nova Central, UGT e CSB tem uma lista de personalidades que lutaram pela independência da República e movimentos históricos trabalhistas, culturais e políticos, como a ditadura militar (1964/1985) e pela abolição da escravidão no Brasil.
O objetivo do projeto, lançado no dia 15 de agosto deste ano na Câmara Municipal de São Paulo, é destacar personalidades cuja atuação foi fundamental para a construção dos 200 Anos de Independência do país, entre elas vários negros e negras que atuaram em vários momentos da história.
Não apenas pelo fato de estarmos no Mês da Consciência Negra, mas pela relevância absoluta da participação dessas personalidades, as secretarias de Combate ao Racismo da CUT Nacional e da CUT São Paulo vêm preparando um material digital a ser publicado em breve, contando a história e destacando essas personalidades.
“Quando falamos na construção das riquezas desse país, temos de falar na população negra que mesmo sob a escravidão, construiu essa riqueza. A classe trabalhadora, em um primeiro momento da história do Brasil, é a população negra”, diz a secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Anatalina Lourenço.
Foi esta população que fincou os alicerces da democracia na sociedade porque lutavam por sua liberdade e por justiça social, diz a dirigente. “Desde que foram sequestrados da África e trazidos para o Brasil, se posicionaram contra aquela violência. A luta por democracia parte da senzala e da construção dos quilombos”, diz.
“A construção do país custou muito sangue do povo negro”, complementa a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida Silva.
“É preciso reconhecer a participação, inclusive nos levantes e revoltas que ocorreram naquela época. A Independência não teria ocorrido da mesma forma sem a rebeldia do povo preto”, afirma a dirigente.
Ao traçar um panorama dos conceitos sociais formados ao longo do tempo e, consequentemente, reforçar que o racismo no Brasil ainda é perene, estrutural, Anatalina Lourenço explica que a história do país é contada sob a ótima de um setor da sociedade ‘supostamente’ vencedor, impondo à população negra a pecha de vencidos, minorizados.
“Se pensarmos na trajetória de 500 anos de Brasil com 300 de escravidão mais cento e poucos anos de uma abolição falsa, nós os negros, que somos maioria da população continuamos lutando e resistindo, por isso, no fim, nós é que somos, de fato, vencedores”, diz Anatalina diz em relação à construção racista da sociedade cujas consequências são a violência e a morte de negros e negras.
Por isso, ela reforça a necessidade de se dar visibilidade às personalidades negras que foram destacadas no projeto “Brasil em 200 Nomes”.
Nunca é tarde para uma reparação histórica. E não falo de justiça ainda, pois seria isso se de fato fizéssemos parte do grupo que usufruiu e usufrui das benesses da distribuição da riqueza no país – riqueza que nós produzimos
Projeto e destaques
O número 200 faz referência ao bicentenário da Independência do Brasil, comemorado no dia 7 de Setembro de 2022. Todo o trabalho de pesquisa e curadoria foi realizado pela equipe do Centro de Memória Sindical com o apoio das centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB.
Anatalina Lourenço lembra que a CUT, onde o material também estará disponível destacando as personalidades negras, é um importante espaço de pesquisas acadêmicas porque produz e elabora “um arsenal importante de materiais informativos e matérias que se constituem em material de pesquisas sobre as lutas da classe trabalhadora”.
Entre os 200 nomes, as dirigentes destacam personalidades como a educadora Ieda Leal, ativista goiana, coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) e presidenta da CUT Goiás. Ieda foi convidada a participar da equipe de transição do presidente eleito, Lula (PT), que assume no dia 1º de janeiro de 2023.
Temos que tirar a população negra da miséria. A gente quer retomar as políticas públicas de combate, mas também dialogar com as outras pastas, porque o negro, a população negra é maioria absoluta nesse país
Outro destaque é a advogada feminista, coautora do livro Código Oculto, Tamires Sampaio. Seu livro trata de política criminal, do processo de racialização e os obstáculos da população negra no Brasil.
Também personalidade contemporânea indicada no projeto, Silvio Luiz de Almeida é advogado, filósofo e professor universitário, reconhecido como um dos grandes especialistas do Brasil sobre questões raciais. Entre suas obras estão os livros “Racismo Estrutural”, “Sartre: Direito e Política”, “O Direito no Jovem Lukács: A Filosofia do Direito em História e Consciência” e “Marxismo e questão racial”, este último, o mais recente, de 2021.
Outras personalidades listadas no projeto são os músicos Cartola, Elza Soares, Chico Sciente, Itamar Assumpção, Gilberto Gil e Mano Brown, além do líder Carlos Marighela, Abdias do Nascimento, o rei Pelé, Marielle e o escritor Machado de Assis.
Veja aqui a relação completa no projeto Brasil em 200 Nomes
O projeto também está publicado na página Brasil em 200 Nomes do Centro de Memória Sindical. Nela, os visitantes também poderão conferir o material “Brasil em 200 obras”, que destaca contribuições importantes na literatura, música, cinema, TV, fotografia e quadrinhos, além de artigos e uma linha do tempo das lutas dos trabalhadores.
O projeto “Brasil em 200 Nomes”, idealizado pela CUT Brasil e CUT-SP junto com as centrais CTB, Foça Sindical, Nova Central, UGT e CSB tem uma lista de personalidades que lutaram pela independência da República e movimentos históricos trabalhistas, culturais e políticos, como a ditadura militar (1964/1985) e pela abolição da escravidão no Brasil.
O objetivo do projeto, lançado no dia 15 de agosto deste ano na Câmara Municipal de São Paulo, é destacar personalidades cuja atuação foi fundamental para a construção dos 200 Anos de Independência do país, entre elas vários negros e negras que atuaram em vários momentos da história.
Não apenas pelo fato de estarmos no Mês da Consciência Negra, mas pela relevância absoluta da participação dessas personalidades, as secretarias de Combate ao Racismo da CUT Nacional e da CUT São Paulo vêm preparando um material digital a ser publicado em breve, contando a história e destacando essas personalidades.
“Quando falamos na construção das riquezas desse país, temos de falar na população negra que mesmo sob a escravidão, construiu essa riqueza. A classe trabalhadora, em um primeiro momento da história do Brasil, é a população negra”, diz a secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Anatalina Lourenço.
Foi esta população que fincou os alicerces da democracia na sociedade porque lutavam por sua liberdade e por justiça social, diz a dirigente. “Desde que foram sequestrados da África e trazidos para o Brasil, se posicionaram contra aquela violência. A luta por democracia parte da senzala e da construção dos quilombos”, diz.
“A construção do país custou muito sangue do povo negro”, complementa a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida Silva.
“É preciso reconhecer a participação, inclusive nos levantes e revoltas que ocorreram naquela época. A Independência não teria ocorrido da mesma forma sem a rebeldia do povo preto”, afirma a dirigente.
Ao traçar um panorama dos conceitos sociais formados ao longo do tempo e, consequentemente, reforçar que o racismo no Brasil ainda é perene, estrutural, Anatalina Lourenço explica que a história do país é contada sob a ótima de um setor da sociedade ‘supostamente’ vencedor, impondo à população negra a pecha de vencidos, minorizados.
“Se pensarmos na trajetória de 500 anos de Brasil com 300 de escravidão mais cento e poucos anos de uma abolição falsa, nós os negros, que somos maioria da população continuamos lutando e resistindo, por isso, no fim, nós é que somos, de fato, vencedores”, diz Anatalina diz em relação à construção racista da sociedade cujas consequências são a violência e a morte de negros e negras.
Por isso, ela reforça a necessidade de se dar visibilidade às personalidades negras que foram destacadas no projeto “Brasil em 200 Nomes”.
Nunca é tarde para uma reparação histórica. E não falo de justiça ainda, pois seria isso se de fato fizéssemos parte do grupo que usufruiu e usufrui das benesses da distribuição da riqueza no país – riqueza que nós produzimos
Fonte: CUT Nacional
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