28 jun 2013 . 11:54
Por João Guilherme Vargas Neto
Na vida política de uma sociedade há sempre uma tensão entre os movimentos e as instituições, assim como há uma contradição entre mercado e urna no capitalismo.
Na semana do dia 17 de junho de 2013 um movimento sem nome tomou conta das ruas no Brasil e contestou de maneira espontânea, vibrante, e poderosa algumas das instituições consagradas, embora fizesse apelo ao Estado provedor e se desenvolvesse sob a égide da mais poderosa das instituições – a Constituição de 1988.
Nesta semana, de 24 a 28 de junho de 2013, estamos vendo a busca de um reequilíbrio entre o movimento (e suas aspirações manifestadas em palavras de ordem, faixas, bandeiras e cantorias) e as instituições. Agora, o essencial é adequar o institucional aos clamores do movimento, levando-o ao atendimento das exigências dos jovens e das ruas e afastando-o dos procedimentos frios do mercado, que sempre quer tirar as castanhas do fogo com mão de gato e, sobretudo, dos inimigos da democracia.
Além das propostas e encaminhamentos dos agentes políticos que marcam essa nova etapa de reinstitucionalização, quero destacar desta fase a reunião das centrais sindicais e suas resoluções.
Reunidas em São Paulo todas as centrais sindicais existentes (não apenas as reconhecidas por lei), além do MST e da UNE, resolveram, por unanimidade, apesar das diferenças entre as diversas explicações dos acontecimentos, adotar um conjunto de reivindicações e um cronograma de lutas capaz de colocar a pauta trabalhista no centro das aspirações do movimento das ruas e orientar o seu encaminhamento institucional.
Pretendem insistir com a presidente da República, Dilma Rousseff, na retomada de um diálogo permanente entre os poderes da República e os poderes sindicais e exigir medidas que garantam os direitos e ampliem as conquistas dos trabalhadores a pauta trabalhista, além de um curso produtivista e avançado para a economia.
As centrais sindicais unidas e os movimentos sociais reforçarão as pautas da Agenda da Classe Trabalhadora, elaborada no CONCLAT do
Pacaembu (de junho de 2010) e da 7ª Marcha da Classe Trabalhadora, realizada no dia 6 de março de 2013, com o DIA NACIONAL DE LUTA PELA DEMOCRACIA E PELOS DIREITOS DOS TRABALHADORES, com greves, manifestações e mobilizações no dia 11 de julho. Têm experiência acumulado para tanto.
E, desde já, preparam a 8ª marcha a Brasília, no início de agosto, quando da retomada dos trabalhos legislativos.
Nesta etapa atual da luta em que as instituições sindicais reforçam o movimento, quem tiver mais garrafinhas para trocar se fará ouvir com mais facilidade.
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João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical
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