Os 90 anos do rádio brasileiro

23 out 2012 . 11:10

 os90Por Daniel Pimentel Slaviero

Um velho companheiro de milhões de brasileiros completou 90 anos. A 7 de setembro de 1922, um discurso do presidente Epitácio Pessoa, em comemoração ao centenário da independência, marcaria a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil. Com equipamentos vindos especialmente dos EUA, o lançamento no Teatro Municipal do Rio de Janeiro teve um caráter experimental. A história do rádio no país começara na verdade em 1893, quando o sacerdote e cientista gaúcho Landell de Moura transmitiu um sinal de voz à distância, sem auxílio de fios. O padre se antecipou, assim, ao italiano Guglielmo Marconi, considerado no mundo o inventor do rádio.

A primeira emissora, Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, só iria surgir em 1923, pela perseverança do médico e professor Roquette Pinto. Desde então, o rádio viveu tempos de dificuldades e de glórias. Os anos 1920 e 1930, marcados pela tecnologia precária, assinalam as primeiras concessões de canais e o início da publicidade na programação.

O jornalismo no rádio, com o Repórter Esso, a radionovela e programas de auditório embalam os anos 1940.
os90-1 A transmissão via satélite permite um salto tecnológico na década de 1960, quando é fundada a Abert, entidade que hoje representa 3 mil emissoras de rádio e TV. Chegam os anos 1970 e 1980, com o advento das emissoras FM. Na década de 1990, nasce o jornalismo 24 horas e são dados os primeiros passos na internet. Os anos 2000 tornam frenético o ritmo da inovação tecnológica. Os meios se digitalizam e a Abert começa a buscar o padrão que melhor se adapta ao nosso rádio.

Mais ouvintes, novos anunciantes

Nessas nove décadas, pela voz de milhares de comunicadores, o rádio participou das transformações do país, contou a história de seu povo e colaborou para o fortalecimento da identidade nacional e da democracia. Suas contribuições são inúmeras e fundamentais no campo econômico, social, político, cultural e educacional.

Hoje, o rádio está presente em nove de cada dez domicílios. Todavia, não foram poucas as vezes que se anunciou a morte do rádio, com a chegada da televisão aberta, da TV por assinatura e da internet. Mas o rádio provou sua força, soube se adaptar e valorizar atributos como instantaneidade, interatividade, mobilidade e a proximidade com o cidadão. Eis seu grande diferencial: um conteúdo de qualidade produzido com credibilidade.

O rádio ganhou aliados para expandir seu alcance, como o telefone celular, o iPod, o MP4 e o tablet. Das pessoas entre 12 e 75 anos, 8%, ou 4,2 milhões, escutaram rádio pela internet no último mês. O percentual vai a 11% entre jovens de 12 a 24 anos. Se, de um lado, a popularização da internet e das novas mídias amplia a concorrência, de outro temos certeza de que permitem que o rádio vá mais longe, conquiste mais ouvintes, atraia novos anunciantes.

Cultura, cidadania e democracia

Há, porém, questões relevantes a serem resolvidas.

Uma é a flexibilização da transmissão da Voz do Brasil, programa que tem a sua importância, mas que não pode se manter como uma imposição a emissoras e ouvintes.

Outra é a definição do padrão digital pelo Ministério das Comunicações, aguardada para este ano. E tão ou mais importante é a migração das rádios AM, afetadas por interferências crescentes, para a faixa de FM. A medida já está em estudo no Ministério das Comunicações.

Enfim, neste dia 25 de setembro, Dia do Rádio, homenageamos com entusiasmo este meio de comunicação que rejuvenesce e se reinventa, capacitando-se a contribuir sempre para valorizar a cultura nacional, fortificar a cidadania e consolidar a democracia.

___________________________________________

Daniel Pimentel Slaviero, 32, administrador de empresas, é presidente da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).

Fonte: Observatório da Imprensa, em 02/10/2012 na edição 714

Reproduzido da seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, 25/9/2012; intertítulos do OI

Comentários



ÚLTIMAS DE

Artigos e Entrevistas

Fotos históricas

Documentos Históricos

  As fotos estão em ordem cronológica Remo Forli e Conrado Del Papa, no lançamento da pedra fundamental da sub-sede de Osasco do Sindicato dos Metalúrgicos...

VER MATÉRIA

Leia aqui o livro A História dos Metalúrgicos de São Paulo

Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo

VER MATÉRIA

Visão geral do acervo

Arquivo

Centro de Memória Sindical – Arranjo do Acervo

VER MATÉRIA

Arquivo – Sindicatos

Arquivo

Catálogo de coleções de sindicatos, acondicionadas em caixas contendo documentos em papel de variadas tipologias. Documentos de datas esparsas entre as décadas de 1930 e...

VER MATÉRIA

Jornais

Arquivoc

Catálogo de coleções de jornais. Jornais de datas esparsas entre as décadas de 1920 e 2010. Acondicionamento em pastas.

VER MATÉRIA

Música e Trabalho

PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL

Show Buttons
Hide Buttons