Twittada 21/09/2012

21 set 2012 . 10:39


"Camponeses sofrem perseguição por sua produção agroecológica em Rondônia http://migre.me/aNErC".

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

No Twitter https://twitter.com/MST_Oficial

Agricultura camponesa sofre perseguição por sua produção agroecológica

Hormônio e agrotóxicos na produção de alimentos é legal. Produzir com base na agroecologia é crime. Essa é a conclusão que camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) chegaram após várias intervenções realizadas pelo Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MAPA) contra a produção de alimentos agroecológicos e produtos oriundos da agricultura camponesa.

“Produzir com base na agroecologia virou uma atividade criminosa”, denuncia Valdeci Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alta Floresta e integrante da direção estadual do MPA de Rondônia, ao questionar as perseguições que a agricultura camponesa vem sofrendo pelo MAPA e as agências de defesa sanitária estaduais.

A primeira ação, ocorrida em maio desse ano (29), apreendeu produtos do Mercado Popular de Alimentos do município de São Gabriel da Palha-ES e impediu que fossem comercializados pelos pequenos agricultores, com a alegação de não cumprirem com as exigências legais e causarem “riscos à saúde dos consumidores”.

Logo depois várias intervenções da vigilância sanitária, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) e polícia civil foram realizadas em pequenos comércios e açougues da região, gerando uma situação de vulnerabilidade e insegurança nos pequenos açougueiros e pequenos comerciantes.

Na última sexta-feira (14/09), foi a vez da propriedade de Valdeci Ribeiro ser acionada. O camponês, que produz alimentos com base na transição à agroecologia, teve a sua propriedade interditada por técnicos do MAPA e da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON), e amostras de sal marinho, produzido artesanalmente por sua família para alimentar o gado, foram recolhidas para análise. As amostras seriam testadas e analisadas em laboratórios, para garantir a qualidade da carne do gado e do leite, e não “prejudicar a saúde dos consumidores”.  

Além do recolhimento das amostras, Valdeci ficou impedido de comercializar leite e a carne do gado. E ainda foi avisado: os animais poderão ser sacrificados, caso o resultado dos testes não cumpra com as normas da legislação sanitária.

Sal Marinho – uma produção camponesa

O sal mineral apreendido durante a ação do MAPA e IDARON, é resultado de cursos sobre agroecologia realizados em todo país e reconhecidos internacionalmente por várias organizações camponesas e estudiosos do tema. Valdeci participou da formação e passou a produzir o sal mineral e a utilizá-lo na alimentação do gado.

Para o camponês, o sal marinho, produzido de forma alternativa, não representa nenhum perigo à saúde humana, pois sua produção é feita a partir de estudos de resgate dos conhecimentos tradicionais, construídos historicamente pelas comunidades rurais. O resultado é um produto que garante qualidade à produção da carne bovina, pois supre as carências de alguns minerais e combate doenças causadas no gado, como carrapatos.

 “Se a gente usasse hormônios e agrotóxicos no gado, nada disso estaria acontecendo. Mas essa é uma escolha política, uma postura ética do movimento, é o nosso compromisso com a produção de alimentos saudáveis, com o respeito ao meio ambiente e a cultura do nosso povo”, questionou o Valdeci.

Agronegócio X Agricultura Camponesa

Segundo Valdeci, o que está por trás do falso discurso jurídico e científico de garantir qualidade sanitárias aos alimentos, é a garantia do lucro exorbitante das grandes empresas transnacionais, que ganham milhões com o modelo químico de produção vigente. “Isso tudo se dá às custas da saúde da população. Ao mesmo tempo em que essas empresas produzem as doenças advindas desse modelo, também produzem o remédio. É um negócio muito lucrativo”, denunciou.

É o que acontece, de acordo com o camponês, com o modelo de agricultura desenvolvido pelo agronegócio. Ao se utilizar livremente de hormônios e pesticidas nos seus gados, agrotóxicos e outros produtos químicos nas suas plantações, o agronegócio cria um sistema “altamente perigoso à saúde humana, com a lei e o estado assegurando e financiando sua atividade”, questionou Valdeci.

“Reivindicamos uma legislação realmente comprometida com a saúde da população, que seja adaptada à realidade da pequena produção da agricultura camponesa e à produção agroecológica, para que possamos continuar produzindo alimentos saudáveis, com base em métodos naturais, sem uso de venenos e químicas, com respeito ao meio ambiente e à nossa cultura”, pontuou.

Resistência camponesa

Ao final da inspeção, os técnicos pediram para que Valdeci assinasse documentos autorizando a ação do MAPA. Numa ação de resistência, ele se negou. Na segunda-feira (17), os técnicos voltaram à propriedade na companhia de policiais militares para que o camponês se sentisse intimidado e assim aceitasse assinar os documentos. Valdeci se manteve contrário e não assinou.

“Continuaremos resistindo, em nome de cada camponês e camponesa que trabalha arduamente para manter viva a agroecologia e a agricultura camponesa. Nós, enquanto MPA, pedimos a solidariedade à toda classe trabalhadora, do campo e da cidade, para que possamos vencer essa batalha contra essa legislação  à serviço dos interesses das transnacionais e insensível à nossa realidade”, conclamou.

Fonte: http://www.mst.org.br/

Comentários



ÚLTIMAS DE

Frases

Fotos históricas

Documentos Históricos

  As fotos estão em ordem cronológica Remo Forli e Conrado Del Papa, no lançamento da pedra fundamental da sub-sede de Osasco do Sindicato dos Metalúrgicos...

VER MATÉRIA

Visão geral do acervo

Arquivo

Centro de Memória Sindical – Arranjo do Acervo

VER MATÉRIA

Arquivo – Sindicatos

Arquivo

Catálogo de coleções de sindicatos, acondicionadas em caixas contendo documentos em papel de variadas tipologias. Documentos de datas esparsas entre as décadas de 1930 e...

VER MATÉRIA

Jornais

Arquivoc

Catálogo de coleções de jornais. Jornais de datas esparsas entre as décadas de 1920 e 2010. Acondicionamento em pastas.

VER MATÉRIA

Música e Trabalho

PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL

Show Buttons
Hide Buttons