por Memória Sindical. 24 abr 2017 . 14:06
No início da década de 1980, as profundas mudanças que ocorriam no Brasil refletiam um contexto internacional marcado pela eleição do presidente norte-americano Ronald Reagan (1981) que, de mãos dadas com a primeira ministra britânica, Margareth Tatcher, orquestrou uma política econômica internacional calcada no estado mínimo e na austeridade fiscal.
Pressionada pelos encargos da dívida externa, a economia brasileira entrou em colapso fazendo o governo recorrer aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), que impôs severas condições para efetuar a transação.
Subordinado ao FMI, o governo teve que mudar as regras para a política salarial, ajustando os vencimentos abaixo da inflação, e para os gastos do governo, minimizando os investimentos na área social.
A elevação do desemprego e do custo de vida foram consequências imediatas. E a imposição de uma série de decretos pioraria ainda mais a vida dos trabalhadores.
O primeiro deles foi o decreto-lei nº 2.012 – de 25 de janeiro de 1983, sobre a política salarial. O segundo, de 30 de maio de 1983, decreto 2025, que eliminava benefícios e direitos dos empregados das estatais e do funcionalismo público, levou os trabalhadores a aprovarem, no dia 16 de junho, o estado de greve.
Treze dias depois, o presidente Figueiredo assinou um novo decreto, o 2036, que retirou do funcionalismo direitos como: abono de férias, promoções, auxílios alimentação e transporte, salário adicional anual e a participação nos lucros.
Manifestações contra as medidas do governo se espalhavam pelo país. Mas, mesmo assim, o famigerado decreto 2045 foi anunciado em 14 de julho de 1983. O 2045 arrochou ainda mais os salários e atingiu os aluguéis e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Seguiu-se daí uma grande mobilização entre os trabalhadores, que se prepararam para a greve.
Uma semana depois da decretação do 2045, dia 21 de julho de 1983, uma quinta feira, cerca de três milhões de trabalhadores de diversas categorias e Estados paralisaram suas atividades na maior greve geral ocorrida durante o regime militar.
Aquele dia amanheceu como um feriado. Entre os grevistas, a adesão de 255 motoristas e cobradores de ônibus reforçou o clima de paralisação que dominava a cidade de São Paulo. E a cavalaria da Polícia Militar, que tomou o centro da cidade, promoveu uma intensa repressão, com mais de 800 prisões.
Apesar disso, os trabalhadores conseguiram derrubar os decretos 2036 e 2045 e todo esse processo de lutas contra os decretos levou a um expressivo aumento da participação dos trabalhadores nas assembleias sindicais.
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