06 jun 2014 . 14:49
Inglaterra, 1979
Terry Jones
Com Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle
No ano 33, na Judeia, Brian vive uma vida paralela à de Jesus Cristo e sofre por ser confundido com ele. A confusão começa quando ele finge ser um pregador para fugir da guarda romana, e tem suas pregações levadas a sério, gerando uma horda de seguidores. Para escapar daquele problema Brian se alia a um grupo de oposição ao “imperialismo” romano.
Ao contar sua saga, o filme busca recriar os hábitos cotidianos da época: apedrejamentos (públicos, onde o povo se divertia), sermões, pregações, leprosários, milagres, castigos divinos, crucificações etc (qualquer semelhança com: linchamento moral na mídia, fetiche do consumo e a fé cega no dinheiro é mera coincidência. Ou não).
Por exemplo: a fila para crucificação é organizada por uma espécie de funcionário público que registra os condenados para o controle e a burocracia social. Em outra situação um “ex-leproso” se queixa por ter sido salvo por um “maldito milagre”. Isso porque, como leproso era mais fácil ganhar a vida pedindo esmolas.
No filme religião e política se misturam. A religião é vista de maneira política e a política tratada como religião com seu ideário de verdades absolutas. Sua ironia mais bem acabada, neste sentido, é a organização de grupos, similares aos atuais partidos, que, embora lutem por uma mesma causa, disputam entre si.
Tais grupos fazem ferrenha oposição ao imperialismo romano a exemplo de partidos ultrarradicais que se opõe, nos dias de hoje, ao chamado imperialismo estadunidense. Mas eles perdem o foco (a ferrenha oposição ao imperialismo romano) quando se dedicam mais ao ódio aos outros grupos radicais, do que à causa primordial.
Desta forma, a única coisa que A Frente do Povo Judeu odeia mais do que os romanos é A Frente Judaica do Povo embora às vezes eles mesmos confundam as siglas. E há também a Frente Popular, outro grupo que luta pela mesma causa, mas que já não merece tanto ódio, pois se encontra representada por um único velho remanescente.
A Vida de Brian aborda, com humor, a questão da alienação da massa disposta a seguir e repetir dogmas de forma cega. Considerado uma blasfêmia por setores da sociedade, o filme dividiu opiniões. Enquanto alguns viram nele um desrespeito à religião, outros o avaliaram como uma genial crítica à sociedade.
Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Memória Sindical
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