02 maio 2012 . 11:10
A fraternidade, muitas vezes esquecida por aqueles que a instituíram como principio de Estado, e o amor trágico, shakesperiano, conferem um tom humanista à desumana e árida realidade das migrações clandestinas, de países da África, Ásia e Leste Europeu para a Europa Ocidental.
FONTE: Carolina Maria Ruy
Bem-vindo (Welcome)
2009, França
Philippe Lioret
Com Vincent Lindon, Firat Ayverdi
Partindo de uma questão social Bem-vindo faz uma reflexão sobre superação. Mais do que o amor do jovem curdo Bilial por uma jovem iraquiana que vive, com sua conservadora família, na Inglaterra, amor que o torna disposto a burlar a implacável guarda das fronteiras dos países ricos e a atravessar o Canal da Mancha a nado, a amizade que surge entre ele o seu professor de natação, Simon, é o que faz de Bem-vindo uma história interessante.
O filme mostra os imigrantes clandestinos não como uma massa indiferenciada, mas como pessoas, com memórias, planos e sonhos. Fato que passa ao largo da cruel situação destas pessoas, que buscam sobrevivência em países onde a economia é mais forte.
A mobilidade do trabalho é um dos temas mais caros ao capitalismo, e um de seus vieses mais nefastos. Se por um lado o sistema impõe, injustamente, a globalização do trabalho e a individualização da riqueza, erguendo os muros de seus centros de prosperidade diante dos trabalhadores explorados, por outro, estes centros se beneficiam destes imigrantes que se dispõe a exercer funções rejeitadas pela população local.
De forma crítica, Bem-Vindo usa o pretexto do amor e da amizade para revelar a subversão dos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, proclamados na revolução francesa. Mas, ainda que com uma França contaminada cada vez mais pela xenofobia e pelo fascismo, muitos de seus filhos ainda se lembram da simbologia das cores de sua bandeira.
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