02 maio 2012 . 15:51
2000, Inglaterra Stephen Daldry
FONTE: Carolina Maria Ruy
Na década de 1980 o fechamento de muitas minas de carvão da Inglaterra, principal pólo de sustentação econômica em várias cidades, gerou uma forte crise entre os trabalhadores. Esta situação delicada serviu como pano de fundo para produções cinematográficas britânicas, como Brassed Off Os Virtuosos, The Full Monty Tudo ou Nada e, mais recentemente Billie Elliot. Vale ressaltar que nos três filmes a saída apontada para a crise do emprego está no mundo das artes.
Billy Elliot se passa na era Tatcher, em meio às greves dos mineradores de carvão, retratando a classe operária inglesa e seu cotidiano e influências políticas. O filme conta a história de um garoto de onze anos com talento para a dança. Billy é interpretado pelo estreante Jamie Bell. Seu pai Willian Elliot (Gary Lewis) e seu irmão Tony Elliot (Jamie Draven) são mineiros de carvão do norte da Inglaterra, grevistas e piqueteiros. O garoto, obrigado pelo pai a treinar boxe, fica fascinado com os ensaios de balé, realizados na mesma academia.
O conflito se estabelece quando ele começa sua participação nas aulas de dança de Mrs. Wilkinson (Julie Walters). No contexto dos mineradores, sobretudo daqueles que estavam no fervor dos combates das greves, não era aceitável o fato de um garoto, sobretudo um filho ou irmão, tornar-se bailarino. O estigma de feminilidade do balé faz com que a atividade seja alvo de muitos preconceitos. Elementos como a busca pela realização pessoal, a aceitação da diferença e a superação são colocados com muita sensibilidade neste filme. As situações de crise, tanto no trabalho quanto no nível das relações pessoais apontam caminhos interessantes, marcados por um processo de amadurecimento. Billy Eliot toca em questões muito caras aos trabalhadores que dizem respeito ao sutil contraste entre moral e falso moralismo.
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