03 maio 2012 . 11:14
2008, EUA Sam Mendes Com Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Kathy Bates.
FONTE: Carolina Maria Ruy
O comentário que mais se observa sobre Foi Apenas um Sonho é a tacanha constatação do reencontro do casal Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, par romântico de Titanic a tragédia de ouro da indústria do cinema. Eu mesma me peguei lembrando daquela aguaceira toda ao vê-los atuando juntos novamente. Mas essa é uma maneira inusitada e fora de foco de começar a falar deste filme. Até mesmo os atores já se livraram deste fardo e já se renovaram muitas vezes, não precisando mais provar que são mais do que modelos de beleza.
Foi Apenas um Sonho é um filme sério. Seu enredo sofisticado e os sinuosos caminhos de sua história envolvem o espectador intelectual e emocionalmente. Ao fim, o filme deixa questões no ar.
Mas não chega a ser um Bergman, nem tampouco um Glauber Rocha. Não se trata propriamente de nenhum experimentalismo cinematográfico. Também não se trata de alguma forma de tortura psicológica muito intensa, como o cinema sabe fazer quando quer, embora ele chegue a esbarrar nisso.
O teor filosófico do filme é devidamente protegido por uma embalagem pomposa, à moda hollywoodiana. Ainda que o diretor tenha, com sucesso, simbolizar os conflitos em imagens monótonas, a limpeza e o refinamento destas imagens dão maciez ao filme. Pode-se sentar à sala com segurança. Você será posto à refletir, mas nada que perturbará seu sono!
Esta ressalva enfatiza o distanciamento entre a produção do filme e a realidade do trabalhador brasileiro. Mas, mesmo que a forma seja fantasiosa, as questões abordadas são concretas e pertinentes ao dia a dia.
O trabalho é o mote do filme. Ou melhor, como a vida e a família se organizam e se estruturam, enquanto célula social, sendo sustentada (em todos os sentidos) pelo trabalho, é o mote. Dentro disso giram ambições, frustrações, percepção dos próprios limites, e algumas realizações.
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