02 maio 2012 . 15:54
1980, Brasil Tizuka Yamazaki
FONTE: Carolina Maria Ruy
Em meio às festas comemorativas ao centenário da imigração japonesa para o Brasil, este filme nos faz refletir sobre o contexto e os conflitos em que se deu este processo histórico. A miséria e a falta de perspectivas de trabalho no Japão “empurrou” muitos nativos a emigrarem em busca de oportunidades.
A história de Titoe (Kyoko Tsukamoto) e Yamada (Jiro Kawarazaki) expõe a trajetória dos novos imigrantes. A propósito, o casamento dos dois personagens só se dá pelo fato de a companhia de emigração só aceitar grupos familiares que tivessem pelo menos um casal.
Se hoje os japoneses estão integrados à nação brasileira, tendo estabelecido um rico intercambio sócio-cultural, esta adaptação, a princípio, foi muito dura. Ao imigrante eram oferecidas as piores condições de trabalho, aquele que sobrava e que ninguém queria fazer. Suas moradias eram precárias e a infindável conta na mercearia era uma das maneiras de prendê-los à fazenda. Isso sem falar no choque cultural, revelado, logo de cara, na drástica diferença das línguas. Este é o contexto do filme, que tem como cenário o imenso cafezal da Fazenda Santa Rosa, em São Paulo, a ser desbravado na unha pelas famílias japonesas.
A poesia nostálgica das lembranças sobre os rituais típicos e sobre a beleza da cultura de liberdade do povo do sol nascente dá delicadeza e ritmo ao filme. O elenco conta com consagrados atores brasileiros como Antônio Fagundes (Tonho, o contador da Fazenda) e Gianfrancesco Guarnieri (Enrico, o imigrante italiano).
O contraste do perfil dos imigrantes italianos e japoneses também é um aspecto abordado. Enquanto os primeiros apresentam-se despachados, agitadores e espalhafatosos os japoneses eram comedidos, obedientes e disciplinados. Entretanto há uma boa interação entre os trabalhadores que, em vários momentos mostram-se solidários e dispostos, de uma forma ou de outra, a buscar melhores condições de vida.
Este premiado filme, que marcou a estréia da neta de imigrantes japoneses, Tizuka Yamazaki, no cinema, é uma referência obrigatória para a compreensão do trabalho no Brasil.
Premiações:
Festival de Cannes 1980 (França)
Recebeu o Prêmio FISPRECI – Menção Especial.
Festival de Gramado 1980 (Brasil)
Venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (José Dumont), Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro e Melhor Desenho de Produção.
Festival de Havana 1980 (Cuba)
Venceu na categoria de Melhor Filme.
Festival de Nova Delhi
Venceu na categoria de Melhor Filme.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 1980 (Brasil)
Recebeu o Troféu Margarida de Prata.
Festival de Honolulu
Recebeu uma Menção Especial.
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