02 maio 2012 . 11:37
Esta é a história de uma viagem vivida lentamente. História do homem em contato com seu meio. E da rara maturidade de quem atingiu a sabedoria de discernir o que é essencial.
FONTE: Carolina Maria Ruy
História Real (The Straight Story)
1999, EUA
David Lynch
Com Richard Farnsworth, Sissy Spacek, Jane Galloway Heitz, Everett McGill
Em uma pacata cidade de Iowa, no Centro-Oeste americano, vive Alvin Straight (Farnsworth), de 73 anos, com sua filha Rosie (Spacek).
Ele é teimoso, como uma criatura que nasceu e cresceu no coração dos Estados Unidos. É feito do barro e do sangue dos caubóis e dos soldados que habitam as entranhas da história daquele país.
Em sua rusticidade ele guarda a sabedoria dos velhos bem vividos. Homem reservado e de poucas palavras. Mas com olhos que entregam as dores e os prazeres de sua alma.
Alvin vive a seu modo. Quando avisado que seu irmão Lyle que mora em Winsconsi, a 510 quilômetros dali, e com quem não fala há dez anos sofreu um derrame, ele sabe que, a seu modo, precisa estar ao lado do irmão.
Uma viagem destas, em nosso tempo, poderia ser simples.
Mas, sendo ele firme e constante como a lei da natureza, parte, sem que ninguém possa impedi-lo, a bordo de um cortador de gramas motorizado.
Não estamos falando de um tempo antes do século 19, quando se demoravam meses para atravessar algumas centenas de quilômetros.
Trata-se do ano de 1994, pós explosão e consolidação de rodovias e indústria automobilística. Trata-se de estar, por opção, na contramão da era da velocidade.
O filme, desta forma, baseado em uma história real, faz uma reflexão sobre o tempo, o espaço e a vida. Não uma reflexão sobre uma ideia existencial e filosófica da vida. Mas sobre a vida material, que se concretiza no tempo sensível e no espaço sensível.
O verdadeiro Alvin (1920-1996), segundo sua biografia, tinha de fato essa natureza. Sua viagem durou cerca de seis semanas.
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