02 maio 2012 . 16:53
1994, Itália Michael Radford
FONTE: Carolina Maria Ruy
Pode-se dizer que O Carteiro e o Poeta é um filme recente. Foi lançado em 1994, mesmo ano do moderno Tempo de Violência (Pulp Ficition). Entretanto ele não escorregou na pasteurização tecnológica e manteve o ar de clássicos que fizeram escola. Ao analisá-lo encontramos uma referência essencial ao filme Ladrões de Bicicleta de Vitirio De Sica, 1948, obra obrigatória em qualquer filmografia sobre o mundo do trabalho. Assim como da obra de De Sica, o protagonista de O Carteiro e o Poeta, Mario Ruoppolo (Massimo Troisi), é um desempregado que, enfim, encontra uma oportunidade de trabalho para o qual é imprescindível possuir uma bicicleta.
A história de passa na década de 1950, em uma remota ilha do Mediterrâneo, onde a pesca é a principal e uma das únicas atividades econômicas. Ruoppolo foge da sina de ser pescador. Logo na primeira cena, num casebre onde vive, confessa ao pai que tem enjôos quando sai no barco de pesca.
Por ocasião do exílio político do poeta chileno Pablo Neruda surge o trabalho provisório de exclusivo entregador de cartas ao poeta, e o fato de saber ler qualifica Ruoppolo para a função. A história de desenvolve a partir do contato do carteiro, com suas idiossincrasias de homem simples, com o poeta e sua habilidade com as palavras.
Apesar da rusticidade de seu mundo Mario é um homem em busca de si mesmo. As conversas com Pablo Neruda despertam nele questões que ele tentava, sem sucesso formular. O carteiro aprende a falar sobre seu amor e, além da poesia, tal qual seu mestre, começa a prestar atenção nas desigualdades sociais e envolve-se com a política. A amizade é dramaticamente encerrada pela história política mundial. O filme é marcado pelo drama daqueles que foram reprimidos por lutarem por um mundo mais justo.
O Carteiro e o Poeta é essencialmente nostálgico. Ele romantiza uma profissão que, embora essencial, muitas vezes passa despercebida. A estrela do filme não é o grande poeta. Em sua humildade o carteiro é quem brilha. Ele representa a beleza de uma simplicidade que muitos que a tem, nem sequer imaginam.
Baseado no livro Ardiente Paciencia de Antonio Skármeta.
Algumas premiações
Venceu o Óscar 1996 (EUA) nas categoria Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Filme Estrangeiro.
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