02 maio 2012 . 11:12
O Garoto de Liverpool retrata como as dificuldades podem se reverter em soluções criativas, em refugos ou até mesmo serem canalizadas para genialidade. Retrata como nasce a melodia e a poesia.
FONTE: Carolina Maria Ruy
O Garoto de Liverpool, (Nowhere Boy)
Inglaterra, 2002
Com Aaron Johnson, Thomas Sangster, Kristin Scott Thomas, Anne-Marie Duff
É controversa a ideia de “dom”, de “talento inato”. Ela se contrapõe à ideia de que as habilidades especiais resultam das experiências e vivências de cada um. Mesmo tratando-se de John Lennon.
Desta forma somos levados a pensar que uma relação conturbada com a tia, com a mãe e a ausência do pai, desenrolando-se na paisagem fria e cinzenta de Liverpool, foram o substrato para a formação de um dos maiores artistas de todos os tempos.
Mas, por outro lado, por que nem todos que vivem situações semelhantes, ou até mais acirradas, transformam-se em gênios, poetas ou artistas?
As razões do comportamento são mesmo misteriosas, repletas de manhas e meandros, caminhos e descaminhos. Uma mesma situação pode resultar em energia criativa ou decadência.
O Garoto de Liverpool é um filme singelo e sensível que, relatando a juventude de John Lennon, logicamente, nos faz pensar no músico e em sua banda, The Beatles. A arte produzida por estes garotos tornou-se tão universal que chega a ser curioso pensar que ela surgiu de forma prática, no mundo material, a partir de gente como a gente.
Por isso uma reflexão sobre o filme nos leva a pensar na ideia de dom. Na capacidade de reunir, intuitivamente, elementos da vida, e transformá-los em coisas bonitas, que traduzem sentimentos que pareciam não ser passíveis de descrição.
Como a música Mother, que ao final do filme, sintetiza a história, revelando-nos todo o sentimento que a envolvia: Mãe, você me teve, mas eu nunca a tive.
PLAYLIST SPOTIFY MEMÓRIA SINDICAL