02 maio 2012 . 12:57
A história começa no fim do século 19, época em que a exploração do trabalho operário não tinha limites. Nas imediações Turim, na Itália, a chegada do professor Sinigaglia (Mastroianni) coincide com a data de um fato trágico, que mobilizou os operários: um trabalhador, exausto devido à sua carga de 14 horas diárias, descuida e perde um braço na máquina que operava. O fato faz os demais operários questionarem suas condições e, sobretudo, a jornada de trabalho.
FONTE: Carolina Maria Ruy
Os Companheiros (I Compagni)
Itália, 1963
Mario Monicelli
Com Marcello Mastroianni, Annie Girardot, Renato Salvatori, Bernard Blier, Folco Lulli
Mais de quarenta anos depois de sua estréia no cinema “Os Companheiros” ainda instiga um debate atual e procedente.
Mas, sem experiência e treino, eles não conseguem agir organizadamente, e a chegada de Sinigaglia entra aí, como um diferencial. Ele não desembarcou naquela região industrial, conhecida pela degradação ao trabalhador, à toa. O objetivo de suas viagens, bem como de sua vida abnegada, era justamente organizar a classe trabalhadora e formar sindicatos.
Assim o professor começa a freqüentar os mesmos lugares que os operários e a participar de suas assembléias. Com conhecimento teórico e eloqüência não é difícil para Sinigaglia assumir a liderança daqueles trabalhadores. E, desta forma, ele os orienta a fazer um fundo de greve, negociar, fazer piquetes e ainda tenta manter o ânimo elevado. Mas suas teorias não funcionam e a situação fica cada vez mais caótica. Sem saída, Sinigaglia clama aos operários a ocupar a fábrica.
Num choque de realidade o protesto tem um desfecho trágico. Fica a questão: as massas precisam de um intelectual, que venha de fora, sem experiência com o trabalho na fábrica, para aprender a se organizar?
O tom documental do filme insere-se no rescaudo do neorrealista italiano, surgido no final da segunda guerra mundial. “Os companheiros” mostra situações reais. E o ponto crucial da crítica de Monicelli é conflito entre a tomada de consciência do operariado a partir de sua própria situação e a necessidade de um “instrutor ” que venha de fora para organizar os trabalhadores.
Em outras palavras, o operariado precisa do conhecimento teórico de, por exemplo, um professor universitário, para compreender a importância da organização social e da luta política? Para Monicelli a resposta é: não.
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