02 maio 2012 . 10:54
Os Descendentes aborda valores morais e sociais em um nível “etéreo” do debate, não no nível da necessidade e da sobrevivência.
FONTE: Carolina Maria Ruy
Os Descendentes (The Descendants)
EUA , 2011
Alexander Payne
Com George Clooney, Judy Greer, Shailene Woodley, Matthew Lillard, Beau Bridges, Robert Forster
Matt King (George Cloney) é o descendente da realeza havaiana e o herdeiro de terras paradisíacas no Havaí. Mas ele questiona seu merecimento sobre esta posse. Não precisou trabalhar para possuí-las. Mas trabalha muito, vive de seu salário, e quer passar estes valores para suas filhas, suas descendentes.
Eis que sua mulher entra em coma e a vida o obriga a parar e voltar-se para sua família. Eis que, além disso, novas regras locais sobre a posse de terras o obriga a pensar em outros planos para sua herança.
Assim se desenrola a trama. Os dramas e a boa vida das pessoas ricas, que não precisam trabalhar para viver, que trabalham por gosto, por ideologia ou por hobby, por um lado. Aquilo que nenhum dinheiro do mundo compra, por outro. O amor verdadeiro, uma boa relação com a família, a morte que se impõe implacável, a vida que se esvai levando momentos que se perdem no tempo, palavras não ditas, conflitos não resolvidos.
Leve e colorido, o filme usa o humor de forma inteligente, para amaciar o drama. Revela como a urgência da vida é, muitas vezes, atropelada pelas urgências do trabalho e do engajamento social. Coloca, desta forma, situações que, como o Sol, de Alberto Caeiro, faz de todos os homens, irmãos. Mostra que dinheiro não traz felicidade. Mas que é melhor sofrer em Paris, ops, no Havaí.
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