02 maio 2012 . 13:41
Pão e Rosas (Bread and Roses) Inglaterra, 2000 Ken Loach Com: Pilar Padilla (Maya), Adrien Brody o pianista (Sam), Elpidia Carrillo (Rosa)
Um comentário sobre o filme Pão e Rosas poderia girar em torno da questão de gênero. Com uma protagonista feminina e sua difícil trajetória no mundo do trabalho capitalista, a questão da mulher, de fato, salta aos olhos para quem assiste ao filme. Mas o processo clandestino de migração, já na cena de abertura do filme, com o precário transporte que cruza a fronteira entre México e Estados Unidos choca, e nos trás à mente às mais vis misérias humanas. Por isso pode-se dizer que a obra em questão trata essencialmente destes dois temas: a migração clandestina e a questão da mulher.
Tema doloroso, a migração clandestina, em geral, se dá em busca de um trabalho descente, de um salário que de conta de bancar a família. É uma busca desesperada, na qual a pessoa se submete a situações desumanas, pois esbarra na dureza das leis, que expurgam qualquer um que queira participar individualmente da economia de países mais ricos.
O filme conta a jornada de Maya (Pilar Padilla) do México para Los Angeles (EUA), onde chega para morar com sua irmã, Rosa (Elpidia Carrillo), também clandestina. Ambas passam a trabalhar na mesma empresa, como faxineiras do turno da noite em um edifício de escritórios, ao lado de outros imigrantes ilegais, por salários humilhantes. Devido à irregularidade de seus empregos, eles não têm assistência médica, nenhuma proteção trabalhista e ainda tem que suportam um patrão abusivo. Neste universo surge Sam (Adrien Brody), um ativista americano, que lidera uma campanha guerrilheira contra corporações e procura fazer com que os trabalhadores se unam. Com isso muitas situações de chantagens, assédio, tentativas de suborno, ameaças e pressões se desenrolam da parte dos patrões. Maya logo se aproxima de Sam e se engaja na militância sindical, enquanto Rosa faz o jogo dos patrões, por medo de ser descoberta ou de perder o trabalho. Um forte dialogo entre as duas, no qual se confrontam as diferentes visões, pontua o debate proposto pelo filme. Enquanto a militante engajada acusa a irmã de se corromper e se “vender”, esta se defende dizendo que, desta forma conseguiu o dinheiro que sempre enviou à família, inclusive para Maya.
O nome do filme faz referência a uma greve do sector têxtil em Lawrence, Massachusetts, que uniu dezenas de comunidades imigrantes foi, em grande parte, conduzida por mulheres, em Janeiro-Março de 1912, e que ficou conhecida como Greve das Rosas e do Pão.
Tanto a subjugação da mulher no mundo do trabalho quanto a complexa questão das migrações clandestinas, e precarização das relações de trabalho, estão sustentadas pelo modo de produção vigente, voltado prioritariamente ao lucro financeiro. Com sua aguda crítica a esta realidade, o filme ressalta as conseqüências drásticas do fato do homem não ser o objetivo final da máquina capitalista.
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