Ray

02 maio 2012 . 10:49

O tema da discriminação racial já experimentou diversos tipos de camuflagens ao longo da história. Mas ele, uma hora ou outra, acaba reaparecendo. Deixa escapar o rabo, os chifres, o tridente.

FONTE: Carolina Maria Ruy

ray

Ray
EUA, 2004
Taylor Hackford
Com Jamie Foxx, Sharon Warren, Kerry Washington

Aproveitando que o noticiário brasileiro expõe vergonhosos casos de um neonazismo descarado e anacrônico, vale retomar o assunto.

A vida do músico Ray Charles é bastante ilustrativa e inspiradora para esta discussão. Negro, pobre e cego, ele foi amplamente discriminado. O filme sobre sua vida mostra sua infância na Geórgia, sul dos EUA, década de 1930, aos cuidados da mãe, uma figura forte que trabalhava como lavadeira.

A mãe, aliás, com quem o músico perde o contato, é uma lembrança que o acompanha ao longo de toda sua trajetória. É a mãe que o educa, mesmo na sua ausência, que o traz para a realidade, que não o deixa perder suas raízes.
Mais inspirador que ilustrativo, trata-se de um enredo de superação, de grandes voltas por cima. Para cada vez mais acima. Um enredo aplacado apenas pela devastação das drogas. Cruéis armadilhas para tantos músicos.

Ray Charles era uma pessoa que tinha tudo para ser segregado pela sociedade, mas não se conformou. Ficou cego aos seis anos, teve de lidar com o trauma de ver o irmão mais novo morrer na sua frente e cresceu remoendo lembranças da mãe, morta um pouco depois de enviá-lo a uma escola para cegos.

Ainda que de forma glamourosa (e isso não deixa de ser uma ressalva) o filme mostra como Ray esbarra na questão do negro na sociedade. Ele não era um ativista. Mas em dado momento se indigna com a discriminação e toma atitudes em prol da igualdade racial. Algo que faz com grande soberba, em um momento em que já contava com muito sucesso e prestígio. Ele passa de um menino pobre, para um empregado com talento para a música, daí para um artista talentoso. Sendo um artista talentoso ele aprende o jogo e passa a dominá-lo. Seu passo seguinte é, além de fazer sua arte, gerenciar seus negócios. Ray Charles torna-se, então, um mega empresário. O dono da situação.

Mas, mais do que personificada na figura de Ray Charles, a questão do negro está impressa na batida forte do Rhythm and blues. A rica música negra traz em si, de forma simbólica, o sofrimento de séculos de exploração e dizimação das raízes africanas. A poesia dos escravos, o ritmo dos trabalhadores.

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