Testa de Ferro Por Acaso

02 maio 2012 . 10:57

O debate sobre a Guerra Fria é permeado pelos extremos e pela ilusão da pureza dos conceitos. Assim, enquanto a URSS levantou a bandeira da igualdade social, os EUA bradaram fetiches de liberdade e social democracia. Mas isso não corresponde à realidade.

FONTE: Carolina Maria Ruy

testa

Testa de Ferro Por Acaso (The Front)
EUA, 1976
Martin Ritt e Walter Bernstein

Com Woody Allen, Zero Mostel, Herschel Bernardi, Michael Murphy, Andrea Marcovicci, Remak Ramsay, Danny Aiello, Josef Sommer, David Marguiles

Howard Prince (Allen), um mero operador de caixa de restaurante, vê sua vida mudar quando o velho amigo Alfred Miller lhe pede para ser seu “testa de ferro”. Renomado roteirista de novelas e programas de televisão ele se vê impossibilitado de exercer seu trabalho após o acirramento do Macartismo nos Estados Unidos. Sua única saída é contar com um amigo, no caso Howard, para assinar e vender seus textos.

Como muitos escritores estadunidenses Miller flertava com ideais socialistas. E o fazia em um período perigoso, entre as décadas de 1940 e 1950. Nestes anos os EUA foram tão dominados pelo medo do Comunismo e de ações de espionagem, quanto hoje são dominados pelo medo do que chamam “terrorismo”.

Durante o Macartismo, muitos americanos foram acusados de comunistas, sendo ou não. As suspeitas eram freqüentemente dadas como certas mesmo com investigações baseadas em conclusões parciais e questionáveis.

Através de perseguições e ameaças o governo tratou de isolar estes suspeitos, impossibilitando-os de exercer suas profissões. Comumente o conchavo era feito com as cúpulas das instituições, que seguiam a instrução de não contratar ou de demitir quem tinha o nome na chamada “lista negra”. Atitude das mais obscurantistas e pré-histórias que se possa imaginar…

Como conseqüência, um clima de histeria, de delações e de vigilância foi instituído no ambiente social. A pressão era tanta que levou até mesmo a muitos casos suicídio, conforme mostra o filme.

Na área cultural, o Macartismo realizou o que alguns denominaram de “caça às bruxas”, atingindo atores, diretores e roteiristas.

Esta situação se arrastou até que o povo estadunidense, indignado com as flagrantes violações dos direitos individuais, pressionasse pelo fim destes atos.
Muitos filmes foram produzidos como forma de documentar e denunciar este período sombrio da história dos EUA. Filmes como Boa Noite e Boa Sorte dirigido por George Clooney, O Nosso Amor de Ontem, de Sydney Pollack, e este sobre o qual discorro, dirigido por dois autores que tiveram seu nome incluso na lista negra do Macartismo.

No filme, Howard Prince passa de um rapaz alienado, a um artista politizado, contestador da repressão e da censura. Ele sente que a ordem política se infiltra em todos os poros de sua vida. Sente que a liberdade e a garantia aos direitos civis proclamadas pelo seu país, não passam de fantasia, imposta a seus conterrâneos como verdades absolutas. Verdades que, como ele nota, se desfazem quando esbarram nos interesses políticos e econômicos dos governantes.

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