02 maio 2012 . 11:43
Funny Girl, mostra como Fanny Brice, conquistou, no início do século 20, o sonho de ser uma grande artista.
FONTE: Carolina Maria Ruy
Uma Garota Genial (Funny Girl)
William Wyler
EUA, 1968
Omar Sharif, Barbra Streisand
O filme coloca a estreante Barbra Streisand, no papel de Fanny Brice, como uma mulher que não é bela e que, inicialmente, não terá chance nos espetáculos musicais. Esta “não beleza” não convence. Ela é cheia de charme, estilo e, sobretudo, atitude.
Fica claro, e isso é intenção deliberada do diretor, que garotas com as quais Fanny dividia o palco, esguias bonecas de plástico, perdiam o brilho ao lado da nova estrela. Seu brilho era natural, mas não foi sem esforço que seu sucesso foi conquistado.
Se hoje as mulheres ainda tem que lutar pelo seu espaço na sociedade, imagine naquelas décadas de 1910, 1920! Imagine agora, naquele mundo machista e conservador do Show business, uma mulher se apresentar simulando gravidez!
Esta foi uma das ousadias de Fanny, que não aceitava a repressão, nem a imposição de regras e padrões. Inventando seu espetáculo, seu universo e a si mesma, a dançarina, cantora e intérprete, conquistou seu lugar, abrindo caminho para sucessoras. Sucessoras não só nas artes, mas também nas ciências, nas letras, na sociedade, enfim, mulheres que ousaram conquistar um mundo social e profissional que durante vários séculos era território exclusivo dos homens.
Mas, se por um lado Fanny possuía a força necessária para se impor na sociedade e no mundo do trabalho, por outro, Nick Arnstein, seu amado, um falsificador e apostador profissional, se sentia desconfortável com a notoriedade da esposa.
O receio de Nick revela que a mulher sofre alguma pena por conquistar tanto sucesso. O contrário não seria verdadeiro. Um homem bem sucedido naturalmente poderia “escolher” a mulher com quem dividir sua vida.
A verdadeira Fanny Brice foi uma mulher à frente de seu tempo. Nasceu em 1891, numa família de judeus húngaros no Brooklyn (Nova York) e largou a escola para participar de um show de variedades. Nos 1910 se juntou a Florenz Ziegfeld, ícone das revistas musicais.
Ao lado de filmes como: A primeira Noite de um Homem, Era uma vez no Oeste e 2001 Uma Odisséia no Espaço, Funny Girl é mais um dos bons filmes produzidos do fim da década de 1960. São filmes com estéticas arrojadas, inovadoras e com conteúdos que revelam a turbulência e as transformações política, sociais e culturais vividas naquela época.
Neste sentido Funny Girl pode ser considerado um filme que, sem ser panfletário (detalhe fundamental para que seja um bom filme) aborda o tema da realização profissional e pessoal da mulher.
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