Heitor Villa-Lobos,

15 ago 2022 . 02:54

Heitor Villa-Lobos, Rio de Janeiro (RJ), 05/03/1887 — Rio de Janeiro RJ), 17/11/1959. Compositor, maestro

Considerado, ainda em vida, o maior compositor das Américas, Heitor Villa-Lobos compôs cerca de mil obras. Sua importância reside, entre outros aspectos, no fato de ter reformulado o conceito brasileiro de nacionalismo musical, tornando-se seu maior expoente. Foi também com Villa-Lobos que a música brasileira de concerto se tornou amplamente reconhecida em outros países.

Em 1905, Villa-Lobos parte em viagens pelo Brasil. Visita os estados do Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, passando temporadas em engenhos e fazendas do interior. Em 1908, na condição de caixeiro-viajante de uma fábrica de fósforos de duas cabeças, chega à cidade de Paranaguá, no Paraná, onde permanece por alguns meses.

Em 1912, viaja novamente pelo país. Após algumas semanas em Salvador, parte para Fortaleza, onde se junta como violoncelista a uma companhia de operetas. No início de abril, Villa-Lobos e a trupe partem para Belém, onde realizam apresentações no Theatro da Paz. Semanas mais tarde, viajam para Manaus, onde a companhia se desfaz. É em 1912 que Villa-Lobos conhece a Amazônia, um fato que marca profundamente sua obra.

De volta ao Rio de Janeiro, conhece aquela com quem se casa em 1913: a pianista, professora e compositora Lucília Guimarães (1886-1966). O ano de 1915 marca o início da apresentação oficial de Villa-Lobos como compositor, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Na época, casado com Lucília, ganha a vida tocando violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas cariocas, ao mesmo tempo em que escreve suas obras.

Visto na cena musical brasileira como um músico moderno, Villa-Lobos participa, a convite do escritor Graça Aranha, da Semana de Arte Moderna de 1922, apresentando, entre outras obras, as “Danças Características Africanas”.

Já bastante conhecido no Brasil, alguns de seus amigos começam a incentivá-lo a ir à Europa, e apresentam à Câmara dos Deputados um projeto para financiar sua ida a Paris. Em meio a protestos que condenam a iniciativa, a proposta é aprovada e Villa-Lobos parte, em 1923, para o que seria sua primeira viagem ao Velho Continente. Ao chegar, Debussy – uma de suas grandes inspirações – já não é mais vanguarda, e artistas e intelectuais da efervescente capital francesa voltam seus olhos e ouvidos para os compositores russos, como Igor Stravinsky, que fazem música original, moderna e de caráter nacionalista.

Villa-Lobos começa a entrar no ambiente artístico parisiense através de Tarsila do Amaral e de outros artistas plásticos brasileiros; Arthur Rubinstein – que já o conhece do Brasil – e a soprano Vera Janacópulos divulgam suas obras emrecitais por vários países.

Após duas estadias em Paris, Villa-Lobos ganha prestígio internacional, apresentando suas composições em recitais e regendo orquestras nas principais capitais europeias. Causa forte impressão no público e na crítica, ao mesmo tempo em que provoca reações por suas ousadias musicais.

Com o crescente apoio do então presidente da República, Getúlio Vargas – que em 1937 institui a ditadura do “Estado Novo” -, as concentrações orfeônicas iniciadas em 1932 sob a chancela da Prefeitura do Distrito Federal chegam a reunir cerca de 40 mil escolares e músicos de banda sob a sua regência. Em 1942, cria o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico , cujos objetivos são formar candidatos ao magistério orfeônico nas escolas primárias e secundárias; estudar e elaborar diretrizes para o ensino do canto orfeônico no Brasil; promover trabalhos de musicologia brasileira; realizar gravações de discos etc.

Em novembro de 1944, Villa-Lobos viaja pela primeira vez aos Estados Unidos, a convite do maestro estadunidense Werner Janssen e com o apoio financeiro e operacional de instituições vinculadas à chamada “Política da Boa Vizinhança”, que buscava estreitar a relação dos Estados Unidos com os países latino-americanos.

A partir daí, retorna àquele país várias vezes, onde rege e grava suas obras, recebe homenagens e encomendas de novas partituras, além de estabelecer contato com grandes nomes da música mundial, fechando, assim, o ciclo de sua consagração internacional. Em 1948, descobre ter câncer de bexiga, e é submetido no Memorial Hospital, em Nova York, à primeira cirurgia. Nos anos seguintes, passaria a compor dezenas de obras encomendadas por importantes instituições e personalidades da música.

Villa-Lobos morre de câncer, em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro.

Fonte: Museu Villa-Lobos

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