15 ago 2022 . 02:12
Miguel Arraes, Araripe (CE), 15/12/1916 — Recife (PE), 13/08/2005. Político
Miguel Arraes de Alencar (1916-2005) foi um importante político brasileiro, especialmente conhecido por sua atuação no estado de Pernambuco e por sua defesa dos direitos dos trabalhadores e das reformas sociais. Ele foi governador de Pernambuco por três mandatos, deputado federal e uma das principais lideranças do campo progressista no Brasil, com forte compromisso com as causas populares e a justiça social.
Nascido em 15 de dezembro de 1916, em Araripe, no sertão do Ceará, Arraes formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1937. Iniciou sua carreira como advogado e ingressou no serviço público em Pernambuco, onde passou a se envolver com questões políticas e sociais.
Em 1948, Arraes foi eleito deputado estadual em Pernambuco, iniciando sua trajetória política. Filiado ao Partido Social Democrático (PSD), destacou-se por sua defesa dos trabalhadores rurais e por seu envolvimento com as causas camponesas, o que logo lhe rendeu a simpatia das classes populares. Com o tempo, Arraes migrou para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), alinhando-se às correntes políticas mais progressistas da época.
Em 1963, Miguel Arraes foi eleito governador de Pernambuco, cargo que ocupou em meio a um cenário de grande agitação política e social no Brasil. Seu governo foi marcado por uma forte defesa da reforma agrária, dos direitos dos trabalhadores rurais e da ampliação de programas sociais, como a educação e a saúde. Ele promoveu o Movimento de Cultura Popular (MCP), que buscava alfabetizar e educar adultos no estado, além de defender políticas públicas que favorecessem as classes mais pobres.
Arraes se tornou um símbolo da luta pelas reformas de base, alinhando-se ao governo de João Goulart e defendendo mudanças estruturais no Brasil, como a distribuição de terras. Sua postura progressista o colocou em confronto direto com as elites conservadoras locais e nacionais.
Com o golpe militar de 1964, Miguel Arraes foi deposto do governo de Pernambuco e preso pelos militares. Ele ficou detido por cerca de um ano antes de ser libertado, sob pressão de setores internacionais, especialmente da França. Após sua libertação, exilou-se na Argélia, onde viveu por 14 anos. Durante o exílio, Arraes manteve-se politicamente ativo, articulando com líderes de esquerda e denunciando as violações dos direitos humanos cometidas pela ditadura no Brasil.
Com a anistia política em 1979, Arraes retornou ao Brasil e retomou sua carreira política, filiando-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o principal partido de oposição à ditadura. Em 1982, foi eleito deputado federal por Pernambuco. Em 1986, em meio ao processo de redemocratização, Arraes foi eleito novamente governador de Pernambuco, desta vez pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Seu segundo mandato foi marcado pela continuidade de suas políticas de cunho social, com foco no combate à pobreza e no desenvolvimento rural. Arraes também promoveu a irrigação no sertão e a criação de cooperativas agrícolas, além de dar prioridade à educação e à saúde pública. Tornou-se um dos principais símbolos da resistência à ditadura e da luta por reformas populares no Nordeste.
Miguel Arraes foi eleito para um terceiro mandato como governador de Pernambuco em 1994, já pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Nesse período, consolidou seu legado de líder popular, com políticas voltadas para os trabalhadores rurais e para o desenvolvimento social e econômico do estado.
Mesmo após o fim de seu mandato em 1998, Arraes continuou sendo uma referência política, especialmente no Nordeste. Seu neto, Eduardo Campos, também seguiu sua trajetória política, sendo eleito governador de Pernambuco em 2006 e reforçando o legado da família.
Miguel Arraes faleceu em 13 de agosto de 2005, aos 88 anos, no Recife. Seu legado como defensor dos direitos sociais, da educação e da reforma agrária permanece uma das marcas mais fortes de sua vida política. Ele é lembrado como uma das figuras mais influentes da política brasileira do século XX, especialmente por sua defesa incansável dos trabalhadores e das causas populares, tornando-se um símbolo da resistência democrática e da luta por justiça social.
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