Nestor Vera

15 ago 2022 . 02:16

Nestor Vera, Ribeirão Preto (SP), 19/05/1915 – Belo Horizonte (MG), 04/1975. Trabalhador rural, sindicalista

Nascido em 19 de maio de 1915 em Ribeirão Preto, São Paulo, Nestor Vera é filho de Pillar Velasques e Manoel Vera. Ele se casou com Maria Miguel Dias em 1938, com quem teve cinco filhos. Originário de uma família camponesa, Nestor Vera se envolveu ativamente no movimento sindical no campo brasileiro. Ele assumiu o cargo de Secretário Geral da União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB) e atuou como tesoureiro na primeira diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, fundada em 1963.

Junto com figuras proeminentes como Francisco Julião, Armênio Guedes, Dinarco Reis e Alberto Passos Guimarães, Nestor Vera desempenhou um papel fundamental na comissão sobre reforma agrária durante o congresso camponês em Belo Horizonte, em 1961. A Declaração do I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, que tratava da questão da reforma agrária no Brasil, originou-se a partir dos esforços dessa comissão. Em 1964, como representante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ele frequentou cursos de formação política em Moscou, Rússia.

Além de seu envolvimento no movimento sindical, Nestor Vera também desempenhou o papel de jornalista como redator do jornal “Terra Livre”, lançado pelo PCB em 1949. Esse periódico tinha como foco principal o movimento camponês e as questões dos trabalhadores rurais. Ele é considerado, juntamente com Lindolfo Silva, uma das figuras proeminentes no surgimento do movimento sindical no campo brasileiro.

No Comitê Central do PCB, Nestor era o principal responsável pelo setor camponês. No entanto, em 1964, com a instauração do Regime Militar no Brasil, ele foi cassado pelo Ato Institucional Número Um, o que resultou na suspensão de seus direitos políticos por uma década. Em 1966, ele foi condenado a cinco anos de reclusão com base na Lei de Segurança Nacional em um processo conhecido como “Caderneta de Prestes”. Devido a essas perseguições, Nestor Vera passou a viver na clandestinidade, utilizando nomes e sobrenomes falsos, assim como sua esposa e filhos.

Nestor Vera desapareceu em 1º de abril de 1975, em frente a uma drogaria na Avenida Olegário Maciel, em Belo Horizonte. Este evento foi testemunhado pelo dono de uma banca de revistas, que também era membro do Partido Comunista. As circunstâncias de seu desaparecimento indicam que ele foi sequestrado como parte da “Operação Radar”, uma ampla ação do Exército iniciada em 1973 com o objetivo de eliminar a liderança do PCB. A denúncia desse sequestro foi feita por Luís Carlos Prestes, o líder máximo do PCB. O nome de Nestor Vera está incluído na lista de desaparecidos políticos conforme a Lei nº 9.140/95.

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