Sindicalistas debatem o golpe militar e a repressão aos trabalhadores

25 abr 2014 . 15:59

sindicalistas-1O Centro de Memória Sindical (CMS), junto com a Força Sindical e a UGT realizaram hoje (dia 25),  na Assembleia Legislativa São Paulo,  o debate “50 anos do golpe militar e a repressão aos trabalhadores”, com depoimentos de sindicalistas que sofreram perseguições naquela época e do economista Walter Barelli, ex-diretor técnico do Dieese.

“O debate é oportuno porque serve para contar a história da repressão contra os trabalhadores (pelos seus depoimentos) e do heroísmo deles, além de desfazer lendas criadas sobre o golpe de 1964”, disse Ivan Seixas, integrante da Comissão Estadual da Verdade. Segundo ele, “os operários foram muitos discriminados”. Um levantamento sobre o perfil dos que foram presos e sofreram perseguições mostra que 60% eram trabalhadores. A ditadura implantou um projeto sócio-econômico e político baseado na repressão e no arrocho salarial, declarou Seixas.

Barelli destacou que o golpe de 1964 foi contra a classe trabalhadora organizada e contra a política salarial (que até hoje não recuperou o nível salarial de 64)e também acabou com a estabilidade no emprego. Em 1973, o Dieese denunciou a manipulação pelo governo federal dos índices oficiais da inflação. Os sindicatos passaram a lutar por reposição salarial. Naquela época, Barelli era o diretor-técnico da instituição.

De acordo com Barelli, além dos que foram presos, torturados e cassados é preciso contar também a história dos que assumiram os sindicatos naquele período e sofreram com a infiltração da polícia nas assembleias, foram presos e perseguidos, mas resistiram e possibilitaram a retomada do movimento sindical com mais força.
Deram seus depoimentos , Nair Goulart, presidente da Força Bahia; Waldir Vicente, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro; Vital Nolasco, ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo; Adriano Diogo, deputados estadual do PT e Domingos Fernandes, da UGT.

A sindicalista Nair Goulart, mineira de nascimento começou a sua militância política no movimento da igreja em Minas Gerais. Pertenceu a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), trabalhou em várias categorias, como doméstica, tecelã, comerciária e depois foi metalúrgica no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foi presa.

Apesar das perseguições Nair não esmoreceu e continuou a luta no movimento sindical, onde comandou o I Congresso Nacional da Mulher Trabalhadora Metalúrgica. Hoje, além da Força Bahia, Nair é vice-presidente da CSI (Confederação Sindical Internacional) e vice-presidente da Força Sindical.

Para Nair, “enquanto os trabalhadores ficam divididos o capitalismo avança e a direita tem conquistado espaço. Temos que dar conta desta enorme tarefa que está colocada para nós”, ressalta.

Desaparecimento
Na abertura dos debates, os sindicalistas elogiaram a atitude do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna, pelo empenho para manter o Centro de Memória Sindical e por trabalhar a unidade das centrais sindicais.

Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de SP) foi sindicalistas-2um dos que destacou a importância da atuação de Juruna e lembrou que muitos sindicalistas desapareceram, inclusive na entidade que preside. Já Eunice Cabral, que representou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que “não podemos permitir a volta da repressão, da ditadura militar e da ditadura da mídia”.

Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM, lembrou que as pessoas não se submeteram e não se curvaram. Já Milton Cavalo, presidente do Centro de Memória, explicou o papel da entidade que, além de preservar o acervo do movimento sindical também promove eventos para levar o conhecimento aos trabalhadores.

Já Washington dos Santos, Maradona, da UGT, destacou a importância dos debates realizados pelo Centro de Memória. “Hoje é uma data de reflexão. As novas gerações têm o privilégio de fazer um monte de coisas, de obter muitas informações e não devem perder a oportunidade de conversar diretamente com as pessoas que sofreram com cassações, prisões e torturas, além de lutar contra a ditadura.

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