23 jul 2013 . 13:48
As atividades do Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical”, da Comissão Nacional da Verdade (CNV) começou oficialmente com a realização do Ato Sindical Unitário, dia 22 de julho de 2013, na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados. No Ato, que teve a participação da coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, das centrais sindicais e de dirigentes sindicais, os trabalhadores reivindicaram a reparação das atrocidades que sofreram durante a ditadura militar e o reconhecimento político do papel da classe trabalhadora contra o golpe militar.
Arnaldo Gonçalves, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aposentados, que em 1983 era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, e Jair Meneguelli, que foi presidente da CUT, foram indicados para falar sobre a greve geral daquele ano. Meneguelli não compareceu e enviou Djalma Bom como seu representante, que relatou a perseguição policial que os sindicalistas sofreram em 1983 dentro da igreja na praça da matriz.
Já Gonçalves afirmou que a greve de 1983 foi um importante passo para a democracia. Dois anos depois, em 1985, o Brasil teve ainda eleição indireta e elegeu Tancredo Neves para a presidência da República, que morreu sem assumir o cargo. A presidência foi ocupada por José Sarney. O papel da Comissão Nacional da Verdade, disse Gonçalves, será de resgatar a verdade e a reparação das injustiças que foram cometidas nos anos que duraram a ditadura. Os crimes devem ser punidos pois muitos foram torturados e mortos.
Durante o ato, João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical, declarou que nada se faz só com a sua tendência política. É importante a unidade de ação. Foi assim em 1978, em 1983 e em 11 de julho de 2013. Outro ponto importante, destacou Juruna, é a necessidade de reconstituir a história dos trabalhadores brasileiros que foi dizimada. Os dirigentes devem verificar os papeis que seus sindicatos tiveram. A unidade de ação é um importante passo no presente e no futuro, observou.
O ato foi apresentado por Ruth Coelho Monteiro, secretária nacional de Direitos Humanos e Cidadania da Força Sindical, e por Expedito Solaney, secretário de políticas sociais da CUT. O dia 22 de julho foi a data escolhida para lembrar a greve geral de 21 de julho de 1983, que ajudou a por fim a ditadura militar no Brasil.
A presidente da Força Sindical Bahia, Nair Goulart, gravou um depoimento sobre a greve de 1983. Não teve greve de transportes, mas a maioria não foi trabalhar, o que significa que os trabalhadores seguiram a orientação dos sindicatos.
Para Rosa Cardoso, o golpe foi contra os trabalhadores, contra o que chamavam a república sindical. Um dos momentos emocionantes no ato foi o depoimento gravado pelo sindicalista José Ibrahim, no dia 5 de abril de 2013. Ele faleceu na madrugada de 2 de maio. Segundo ele, o golpe era contra nós, disse referindo-se aos trabalhadores. A primeira medida dos militares , explicou, foi a intervenção em mais de 400 sindicatos e a prisão de seus dirigentes, que foram torturados e mortos. Temos que ter atitude ativa na Comissão Nacional da Verdade, ressaltou.
No ato, dirigentes de todas as centrais sindicais deram depoimentos sobre o período da ditadura.
Fonte: Força Sindical
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