Início de Carreira e Formação Política

Ulysses começou sua carreira política em 1947, como deputado estadual em São Paulo pelo Partido Social Democrático (PSD), partido no qual permaneceu até 1966. Na década de 1950, foi eleito deputado federal, cargo que ocuparia por 11 mandatos consecutivos, até sua morte. Ele também ocupou o cargo de Ministro da Indústria e Comércio durante o governo de João Goulart, em 1961.

A experiência de Ulysses no parlamento o consolidou como uma liderança política moderada, com uma visão centrada na defesa do estado democrático e dos direitos fundamentais. Ele era um habilidoso articulador e ganhou respeito por sua postura equilibrada e pela capacidade de diálogo com diferentes forças políticas.

Oposição à Ditadura Militar

Com o golpe militar de 1964, Ulysses Guimarães alinhou-se à oposição ao regime, migrando para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que seria o principal partido de oposição durante o período da ditadura. Na década de 1970, Guimarães emergiu como uma das maiores vozes contra o regime militar, tornando-se presidente do MDB em 1970.

Em 1973, Ulysses Guimarães ganhou destaque ao se lançar candidato simbólico à presidência da República contra o general Ernesto Geisel, em uma eleição indireta controlada pelos militares. Embora derrotado, seu ato de desafio ficou marcado como uma forma de resistência política.

Ele foi também um dos principais articuladores do movimento pela anistia e da campanha Diretas Já, que reivindicava o retorno das eleições diretas para presidente. Em 1984, Ulysses liderou comícios históricos, reunindo milhões de brasileiros nas ruas em prol da redemocratização.

O “Senhor Diretas” e a Constituinte

Embora a campanha das Diretas Já não tenha conseguido aprovar a Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas, Ulysses Guimarães desempenhou um papel central na transição para a democracia. Em 1985, após a eleição indireta de Tancredo Neves para a presidência, Ulysses, como presidente da Câmara dos Deputados, foi o responsável por empossar o vice-presidente José Sarney, após a morte de Tancredo antes de tomar posse.

Um dos maiores legados de Ulysses Guimarães foi sua atuação como presidente da Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 1987 para elaborar a nova Constituição do Brasil. Ulysses liderou o processo de elaboração da Constituição de 1988, que instituiu uma nova ordem democrática no país, após mais de duas décadas de regime militar. A nova Carta Magna ampliou os direitos civis e sociais, consolidou a democracia e o estado de direito no Brasil. Em 5 de outubro de 1988, ao promulgar a Constituição, Ulysses declarou: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria, conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.”

Legado e Morte

A partir da promulgação da Constituição, Ulysses Guimarães se tornou um dos maiores símbolos da redemocratização brasileira. Ele também foi um dos fundadores do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que sucedeu o MDB após o fim do bipartidarismo. Apesar de sua influência, Ulysses nunca conseguiu realizar seu sonho de ser eleito presidente da República, sendo derrotado nas eleições de 1989.

Em 1992, Ulysses Guimarães desempenhou um papel crucial no movimento pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, acusado de corrupção. Seu apoio à ação reforçou sua imagem de líder ético e defensor da moralidade na política.

Ulysses faleceu em outubro de 1992, em um acidente de helicóptero no litoral de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Seu corpo nunca foi encontrado, mas seu legado permanece vivo na história política do Brasil, sendo lembrado como o “Senhor Diretas” e o “pai da Constituição de 1988”. Sua trajetória simboliza a luta pela democracia, a defesa dos direitos humanos e o compromisso com o Estado de Direito.