02 maio 2012 . 12:25
O espantalho não assusta. Provoca risos e pena nos corvos. Esta é a tese na qual se assenta o filme “O espantalho”.
FONTE: Carolina Maria Ruy
O espantalho (Scarecrow)
EUA, 1973
Jerry Schatzberg
Com Gene Hackman, Al Pacino, Dorothy Tristan e Ann Wedgeworth
Por obra do acaso dois andarilhos se encontram. Max (Gene Hackman), um homem durão, esquentado, que foi preso várias vezes devido ao seu temperamento difícil e Lion (Al Pacino), o infantil, irresponsável e negligente. Eles são excepcionalmente comuns. Homens que se viram, que topam qualquer trabalho, que vivem de “bicos”. E que tem sonhos e ambições.
A supremacia da indústria automobilística no início dos anos de 1970 faz com que prevaleçam os trabalhos ligados a este ramo. A economia de carros dá o tom da paisagem dura e poluída.
Não é à toa que o grande projeto de Max é construir um lava-rápido e tornar-se um empresário em prestação de serviços.
Mas, o filme os associa à imagem triste do espantalho. Desempregados e “informais” Max e Lion são o retrato da marginalização provocada por um sistema que não abrange e ao mesmo tempo não liberta. “O Espantalho”, desta forma, retrata a condição do trabalhador, sua alienação inerente e sua constante busca por si mesmo.
Os dois amigos compartilham de uma realidade fragmentada, cultivando pedaços de vida, de percepção e de mundo. Mas esses homens guardam dentro de si sentimentos e valores íntegros e invioláveis. Ao mesmo tempo engraçado e comovente “O Espantalho” nos faz parar para prestar atenção em um mundo que pode estar em nossa volta.
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